Diversidade, Equidade e Inclusão. Porque é importante conhecer.

DEI – Diversidade, Equidade e Inclusão são conceitos que ganham importância nas empresas, na nossa vida pessoal e na sociedade.

Talvez você já tenha ouvido a respeito, ou não, mas entender o conceito desse tripé tem se tornado cada vez mais relevante.

Aprender e estar aberto para conhecer diferentes maneiras de pensar e se comunicar pode melhorar o relacionamento pessoal e profissional.

Para saber mais sobre esse assunto tão importante, a fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, convidou Luci Ferreira, especialista no tema e que já esteve com a gente na Estilo 5.0+ dividindo sobre suas experiências pessoais e profissionais.

Vamos relembrar um pouco sobre o seu perfil.

Lucia Ferreira é especialista e palestrante nos temas de Diversidade, Equidade e Inclusão. Membro do Grupo Mulheres do Brasil há mais de 5 anos, atuando em diversos comitês.

Cursou a Universidade Mackenzie, concluiu dois MBAs em Finanças pelo Insper e cursou o Mestrado em Empoderamento Feminino pelo Mackenzie.

É mãe, ciclista & Yogui Amadora, amante do que faz bem ao corpo e a alma.

Trabalhou no mercado financeiro por mais de 30 em grandes Instituições europeias como o Lloyds Bank, o ABN Amro e o BNP Paribas onde esteve responsável pela Área de Diversidade e Inclusão até 2021

Entendendo o significado da sigla DEI – Diversidade, Equidade e Inclusão

Luci explica que o tema DEI: Diversidade, equidade e inclusão vem se moldando ao longo dos últimos 10-12 anos. Segundo ela, se chamava Sustentabilidade, depois mudou para CSR- Corporate Social Responsability. Por exemplo, as empresas começaram a ver que não podiam ter fornecedores que não registravam seus funcionários, com um viés de de responsabilidade social.

Para ela, hoje esse termo DEI está dentro do conceito de ESG – Environment, Social, Governance, em inglês e ASG – Ambiental, Social e Governança em português. Corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O DEI está dentro da governança do social.  Ou seja, socialmente o que a gente está fazendo, explica Luci.

Luci brinca muito com esse termo Diversidade em suas palestras dizendo se pode dar a palestra em 3 minutinhos e então ela diz: “Tem que respeitar a diferença. Pronto, acabou, podemos ir embora.”

Afinal o que é diversidade? O que é inclusão? É respeitar o diferente.

Evoluímos demais, continua ela, mas paramos em muitas coisas para respeitar essa diferença. Luci escuta muitos amigos, já 50+, dizerem que esse mundo está muito chato e que a gente não pode falar nada porque normalmente os filhos estão de plantão esperando que os pais digam alguma coisa incorreta e ai vem as broncas: “mãe não fala isso, você vai me matar de vergonha na frente dos meus amigos”.

Luci trabalha justamente com esse propósito, para as pessoas aprenderem e ninguém matar os filhos de vergonha na frente dos amigos, mas para a pessoa evoluir. Quando a pessoa fala em respeitar o diferente, não é mais uma brincadeira. Brincadeira é quando todo mundo ri. Se nem todo mundo estiver rindo, tem alguém se magoando com aquilo.

Diversidade, Equidade e Inclusão é respeito ao diferente, reforça Luci. Pergunte como a pessoa quer ser tratada. Muito mais legal chegar no ambiente e perguntar, do que cometer os deslizes.

Resumindo, o conceito ESG é amplo. O E-environment vai cuidar do ambiental: quanto papel a gente joga fora, quanta luz a gente gasta, se a energia é reciclada ou não, o que a gente faz com o nosso lixo. O S-social vai cuidar do Social. E o G-governança vai cuidar dos dois. Do ponto de vista da Diversidade e Inclusão, a gente abre uma caixinha aonde tem o RH das empresas cuidando de todas as questões. Não só de benefícios, mas de contratação, treinamento. Aí a empresa vai cuidar dos fornecedores. Quem são esses fornecedores? São os socialmente responsáveis? Estão fazendo o seu trabalho? E aí todo um trabalho social voluntariado dentro da empresa. Tudo isso misturado. É complexo. Mas você vai entendendo todas essas coisas e o quebra cabeça vai ficando mais claro.

Como o viés inconsciente se relaciona com o tema DEI

Viés inconsciente é aquilo que vem. Luci deixa claro citando 2 exemplos:

  1. A pessoa vai entrevistar um candidato para uma vaga de TI, de tecnologia. Um candidato é oriental e o outro não é oriental. O que vem na mente é: o oriental já sabe tudo, sabe tudo de matemática, de tecnologia. Oriental é assim…É um viés positivo. Você superestima aquele candidato.
  2. A pessoa vai atravessar uma rua à noite. Está sozinha e com uma bolsa. Do outro lado vem em sua direção, uma pessoa negra, malvestida, com capuz e uma mochila. O que ela pensa? Vai ser assaltada. É um viés negativo.

Viés é aquilo que “pula”, que salta na mente. É o viés inconsciente que vem vindo de geração em geração.

E como é que você a pessoa tira esse viés? Ele não sai. A pessoa não toma um comprimido e tira o viés. Ela trabalha esse viés.

O primeiro trabalho para tirar o viés é conviver com pessoas diferente. Não tem outra saída. “Faça o teste do pescoço”. Olhar em volta do seu dia a dia e ver com quantas pessoas negras, pardas, deficientes, gays, pessoas 50+ ela tem como amigo?

O remédio do viés é estudar e aprender como não magoar o outro. Como conviver com mais respeito e o resultado será considerar e tratar uma pessoa de qualquer minoria como igual aos demais, reforça Luci.

Nesse processo de aprendizado os nossos filhos estão de plantão para nos alertar. Ou os das gerações mais novas que para eles tudo isso é normal.  A pessoas precisam deixar a porta aberta para desaprender e aprender, todos os dias.

É convivendo que ela irá aprendendo. Luci dá outro exemplo dizendo que hoje em dia é muito comum um time misto de futebol. No passado nem havia isso, as mulheres não jogavam futebol.

Ela sempre pergunta para as crianças: como vai esse time misto? Mas elas nem percebem que é time misto; interessa quem joga bem, independente de ser menino ou menina. Para os mais jovens é uma coisa normal, já para os mais velhos esses novos conceitos parecem chatos.

DEI e a evolução da representatividade feminina no Brasil

Apesar das mulheres somarem mais de 50% da população no Brasil, mas em termos de representatividade, tanto no cenário político, econômico, empresarial, esportivo ainda é muito pequena. Luci entende que pode se fazer muito mas a caminhada é longa.

Hoje só temos 4 países no mundo onde a mulher tem representatividade bacana na política: Nova Zelândia, Suécia, Dinamarca e Noruega. Os outros países todos as mulheres estão lutando, para posições no senado, deputado federal, etc., comenta Luci.

No esporte, na direção de empresas, é a mesma coisa. O que está se fazendo: abrindo esse tipo de debate. Debate da comunicação, debate da história. Os historiadores que contam a nossa história em livros têm uma representatividade incrível.  De trazer mulheres que contribuíram com a história. Há aquele TED famoso em que se perguntam para as crianças numa escola americana:  pensem num bombeiro: pensam num homem. Pensem num médico: pensam num homem. Pensem num cirurgião, pensam num homem. Pensem numa professora: pensam numa mulher.

O viés vem vindo e vem trazendo, através da história. Todo mundo tem uma responsabilidade. Inclusive os que contam a história. Hoje estamos escrevendo uma nova história. Todos os dias, um capítulo novo. Sempre olho o copo meio cheio, diz Luci. Acho que todos os dias está melhorando.

Ainda há os assédios horríveis. Mas estamos reagindo. Há a lei Maria da Penha. Isso não havia no passado. Estão sendo criados arcabouços jurídicos que nos protegem. E já está ficando chato empresas, fotografias e capas de instagram com apenas homens brancos de terno escuro representando aquele assunto. “Hoje estamos aqui para falar de determinado assunto”. Hoje as mulheres já estão se posicionando e questionando. Será que só tem 5 homens especialistas para falar sobre esse assunto? Não tem uma mulher?

E somos nós que estudamos que temos que puxar todo mundo, reforça Luci. Não dá para deixar isso na periferia porque quando você deixa na periferia, essas pessoas estão lutando por outras lutas. Lutando para colocar o filho na escola, lutando por uma marmita cheia, lutando para resolver uma água que não pinga água.

Somos nós que temos que lutar por essa igualdade acima de tudo. Deixando o nosso coração aberto para realmente entrar em todas as áreas da sociedade e deixar a nossa marca.

Quantas mulheres têm aí? Como é a pirâmide, como está dividida. Luci vai nas escolas, e pergunta para as professoras como elas estão. E quem é a diretora da escola.

Como mulheres devemos fazer a nossa parte para ajudar nessa evolução da representatividade feminina.

Introdução à linguagem inclusiva

Luci esclarece que em linguagem inclusiva, o masculino não é neutro; é masculino. Quando alguém fala:  me chame os seus pais, os responsáveis. Isso é masculino. Não é mais necessário ser assim. Todas as línguas do mundo mudam. Mudamos os sinais, fizemos a revisão ortográfica. Tudo sofre um movimento, inclusive a nossa língua. O masculino é masculino. E aí existe uma linguagem neutra.

As pessoas dizem: Não vou usar o @, não vou usar extimados com x, não vou falar benvindes. Benvindos, benvindas, benvindes. Se a pessoa não quer usar a linguagem inclusiva, melhor perguntar antes como ela deve se referir, por exemplo aos amigos dos filhos que irão na sua casa. Ou para o CEO, como as pessoas da empresa querem ser tratadas.

Luci também sugere trocar, por exemplo,  “o responsável” por “as pessoas”. “Gostaria de falar com as pessoas que estão gerenciando esse projeto.” Pronto. Você tirou o gênero e deixou neutro, esclarece ela.

Tudo em mudança. Quando a pessoa identifica “x” ou “@” os computadores não registram.

Lucia indica o Dossiê de Linguagem Neutra Inclusiva. Pode baixar na internet e vai ajudar a ir melhorando e entender. Não tem um clique. Não tem um remédio para tomar. Precisa conhecer e estudar. Link para baixar o Dicionário Inclusivo gratuito – @diversitybbox com 2 b’s mesmo.

Mudança de postura começa com a gente

Luci alerta sobre o movimento de mudança de postura que começa com a gente mesmo; a responsabilidade é nossa também.

As pessoas têm que se preocupar com outras coisas além da base de pirâmide de Maslow que é a satisfação das nossas necessidades fisiológicas:  respirar, se alimentar e dormir.

As próprias mulheres também têm essa dificuldade em mudar o seu comportamento, especialmente quando são empreendedoras. Há estudos que mostram que as mulheres empreendedoras têm mais dificuldade em captar investimentos. Seja por preconceito por parte de quem está disponibilizando esse dinheiro ou da própria pessoa que se sente incapaz. Ela não se sente capaz ou empoderada em apresentar o projeto dela.

Temos várias iniciativas no Mulheres do Brasil que apoiam empreendedoras. Luci traz 2 exemplos dessas iniciativas: a B2Mamy  e o Projeto Rede Mulher Empreendedora que ajudam essas mulheres a saírem do seu dia a dia.

As iniciativas das mulheres que querem entrar nesse mundo, o que falta e até a questão de serem financiadas. E quem é que vai bancar? Você tem filhos, vai fazer isso na garagem da sua casa, leva e traz filho para escola. Mas é incrível como essas duas organizações, B2Mamy e Rede Mulher Empreendedora se mobilizam para atender e ajudar essas mulheres. É inacreditável o coletivo dessas mulheres que a gente encontra e que se juntam em função de se ajudar mutuamente.

As pessoas com mais conhecimento e condições têm a obrigação de se engajar e ajudar para que todo mundo venha junto para que cada vez mais e mais mulheres possam evoluir.

Diversidade, Equidade, Inclusão e o Etarismo nas empresas

Luci concorda que existe uma validade que o mercado coloca na gente aos 50, 60 anos. E, mesmo com toda a abordagem sobre a Diversidade, Equidade e Inclusão, os maduros costumam ser esquecidos pelas empresas e, muitas vezes sofrem com o etarismo.

Existem iniciativas como a Maturi, do Morris Litvak que esteve recentemente conversando com a Estilo 5.0+ para falar sobre isso. Lembrou também que no último evento do Maturifest. Morris trouxe personalidades maduras como o Carlos Tramontina, 66 anos (1966) e a Zezé Mota com 78 anos (1944) para falarem sobre o 3º. Tempo.

O Morris está fazendo um trabalho incrível, mas nós também temos que fazer a nossa parte, reforça Luci.

“Quando estou falando com empresas e me perguntam e o CEO? E os Diretores? Mas, e a base? É um encontro. O CEO desce para a base, a base sobe e lá no meio todo mundo se encontra. Nós temos que nos atualizar e aí esse seu trabalho, da Estilo 5.0+, é incrível; é sobre isso, sobre deixar as pessoas atualizadas”.

Luci recomenda: “A gente tem que se atualizar. O mercado de fato tem uma pressa. Há dezenas de CEOs de 35 anos que ainda não estão maduros para o cargo. Mas porque não colocam uma pessoa que já é madura o suficiente para assumir aquele cargo, que já tem tarimba de mercado e que já tenha visto dezenas de coisas e que possa trazer uma experiência nesse sentido, de contribuir? ”

A fundadora da Estilo 5.0+ comenta que o preconceito existe, inclusive, na liderança. Esse dado foi apresentado no ultimo evento da Maturi que fez uma pesquisa onde identificou que o maior problema nas empresas na contratação dos maduros, não é só o CEO, mas as lideranças, os gestores que muitas vezes são maduros e não contratam outros maduros.

Luci comenta que há uma síndrome de alguns anos atrás que se chama Síndrome da abelha rainha: mulheres que chegam lá e têm dificuldades em fazer outras mulheres também chegarem lá. O que ela faz é se tornar uma abelha rainha. Se cerca de homens e dificulta a vida das outras mulheres. Ela é mais dura com as mulheres do que seria com os homens.

Lucia alerta: “As mulheres precisam ser solidárias entre ela. Precisa haver mais sororidade. As coisas estão melhorando, mas ainda há muito o que fazer”.

Há redes incríveis de mulheres que ajudam mulheres. Mas ainda estamos longe do caminho.

Foi preciso criar uma palavra específica para as mulheres que é a sororidade. Veja a que ponto chegamos. Mas pelo menos está se falando sobre isso.

Dicas de como se informar sobre DEI- Diversidade, Equidade e Inclusão

Luci explica que existem 4 fases da inclusão:

  • Alheio: a pessoa é alheia, não sabe.
  • Informado: pessoa se informa, vai saber.
  • Consciente: a pessoa se torna consciente. Exemplo: “Vou ligar para o amigo e pedir desculpas por aquilo que eu disse”
  • Engajamento: a pessoa é engajada.

Se você já está lendo sobre o tema, está se informando. Isso é muito importante.

Luci entende que para muitas pessoas 50+ pode haver um viés, uma tendência. Sabe aquela história, “mas sempre foi assim? ”.

Luci recomenda: mas não precisa continuar assim e traz alguns termos que precisam sair do nosso vocabulário:

Criado-mudo, deu mancada, surdo-mudo, bipolar, cabelo ruim, denegriu a minha imagem (negro), nem parece gay, que desperdício. Cor da pele, branco é cor, preto é cor, amarelo é cor.

Outros termos que devem ser evitados: dia de branco, pé na cozinha, samba do crioulo doido. Não pode mais. Precisamos nos policiar.  E não há melhor maneira de se policiar do que conviver com a diferença. O melhor remédio. Incluir a diferença na nossa vida.

Luci comenta que idealmente seria que todos estivessem engajados. Há empresas no estágio alheio e empresas que estão no estágio informado. E tem empresas super engajadas, galera vamos fazer, vamos ajudar, etc.

Para as pessoas que não fazem parte do mundo corporativo, Luci ressalta  que hoje a informação está disponível em todo lugar. Você pergunta para o seu celular e ele responde. Ela prefere não indicar livros porque os livros mudam. Contam o passado. E o presente está aqui enquanto a gente conversa. Tem instagram com informações maravilhosas com dicas de como você pode melhorar. Hoje em dia não tem mais desculpa para não saber.

“Você tem uma mancha, dá um google e já sabe o que é. Você ouve dizer que alguém tem uma doença que nunca ouviu falar. Em 4 minutos você tem a informação do que é, de como pode tratar, etc. Não existe mais desculpa para ser alheio. Você pode se informar só com o celular na mão. Procurando sites bacanas no instagram. E você pode fazer isso a qualquer momento. Mas o melhor remédio para se atualizar ainda é a convivência.”

Contatos da Luci Ferreira:

Assista a entrevista da Luci Ferreira na íntegra (Partes 1 e 2):

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Time Estilo 5.0+

Cintia Yamamoto Ruggiero

Sou apaixonada pelo tema Longevidade, curiosa e inquieta! Quero participar ativamente da revolução da longevidade e colocar o aprendizado profissional de mais de 30 anos e a experiência nas áreas de Negócios e Marketing para trazer conteúdos, produtos e serviços para as Mulheres 50+, conectadas, curiosas e interessadas!