Divórcio grisalho é o termo que tem sido usado para se referir a separação de casais acima de 50 anos. Uma situação que tem crescido consideravelmente entre as pessoas após décadas de casamento.
O termo “Divórcio grisalho” ou “Grey Divorce” foi criado por pesquisadores dos Estados Unidos para representarem essa tendência de divórcio entre casais acima de 50 anos nos Estados Unidos e em vários países da Europa. E o Brasil não fica de fora.
Segundo matéria da BBC News, nos EUA, o número de divórcios grisalhos dobrou entre 1990 e 2010, saindo de menos de 10% para 25%. Ainda segundo a matéria, no Brasil em 2021, 25,9% das pessoas que tiveram divórcio confirmado na primeira instância da Justiça ou via escritura tinham mais de 50 anos.
Possíveis fatores que justificam esse crescimento
Segundo os especialistas e estudiosos sobre Divórcio Grisalho, alguns fatores podem justificar esse crescimento:
- Expectativa de vida mais longa e saudável – chegar aos 50, 60, 70 com saúde e entender que ainda tem uma expectativa de vida promissora pode ser um grande impulsionador para tomada de decisão de uma pessoa que não está feliz num relacionamento.
- Maior independência das mulheres – A maioria das mulheres tem empregos e carreiras fora de casa; não dependem mais financeiramente de seus maridos ou parceiros, como antigamente. Então agora elas podem optar pelo divórcio se o relacionamento não for mais satisfatório porque elas têm os meios para se sustentar.
- Menor estigmatização do divórcio – hoje é visto como uma situação mais normal do que no passado quando, principalmente as mulheres sofriam preconceitos com o título de “Divorciada”.
Mas é a chegada da aposentadoria, a redução da jornada de trabalho e ou o término da rotina diária de cuidar dos filhos que cresceram podem ser, muitas vezes, os fatores que levam os cônjuges a descobrir que já não têm muito em comum.
A mulher como protagonista neste fenômeno
Para Mirian Goldenberg, antropóloga e escritora do livro Me separei, e agora? a vontade das mulheres maduras em seguir voo solo não é novidade, mas tomar a atitude, sim, já que as que estão nesta faixa etária buscam incessantemente pela liberdade.
“Nas minhas pesquisas, comenta Mirian em entrevista ao Jornal O Globo, são sempre as mulheres que pedem o divórcio por volta dos 50 ou 60 anos. É uma fase em que, para elas, mistura a menopausa, a saída dos filhos de casa, ou, então, o entendimento de que estão “há muito tempo em um casamento insatisfatório mesmo”. É quando dizem ‘chega, não quero mais’”, explica Mirian em entrevista ao Jornal O Globo.
E por mais que estas mesmas mulheres voltem a se relacionar amorosamente, um novo casamento quase nunca está nos planos.
“Elas viveram anos dedicando-se ao marido, aos filhos, cuidaram de todo o mundo. E a estrutura do casamento não permite que a mulher viva tudo o que quer. Elas têm uma urgência e não querem desperdiçar mais nada.”
Estudiosa das relações femininas e principalmente do envelhecimento, Mirian vai além ao dizer que formar uma família, casar-se e ter filhos é uma imposição social e cultural da sociedade brasileira, nem sempre representando um desejo verdadeiro.
“Se para as mulheres falar sobre o assunto divórcio funciona como uma espécie de desabafo e até a oportunidade para compartilhar experiências parecidas, para os homens é difícil mexer a fundo em certas emoções”. Até por isso, ressalta Mirian Goldenberg, é difícil encontrar um ex-casal cuja história tenha terminado porque ele quis.
“Para um homem se separar, a situação precisa estar insuportável. Eles gostam da segurança, da companhia da mulher. Tanto é assim que quando eles se separam, buscam logo uma outra relação, geralmente com uma mulher mais nova, que esteja disposta a construir toda uma história novamente.”
“Tem gente que sente que o novo parceiro é mais para curtir, e o outro era para construir uma família”, comenta Mirian.
Impacto nos filhos adultos
Fato interessante identificado pela advogada de família Maisa Lemos destaca que quando pessoas mais velhas se divorciam essa decisão pode ter impacto nos filhos mais velhos, mesmo aqueles que já saíram de casa.
E embora esse casal possa ter se tolerado quando os filhos estavam em casa, agora eles não conseguem se imaginar casados com a pessoa com quem se casaram décadas atrás e com quem não têm nada em comum, comenta Maisa.
À medida que as pessoas envelhecem, seus valores e expectativas sobre o casamento também podem mudar.
Assim, aquela pessoa que considerava inadmissível um divórcio anos atrás, hoje não enxergam mais dessa forma, comenta a advogada.
Muitas pessoas, na velhice, consideram a felicidade mais alta do que honrar a tradicional expectativa de casamento de “até que a morte nos separe”.
“E, por incrível que pareça, um dos principais impactos do divórcio grisalho na vida dos filhos adultos é o sentimento de perda e abandono”, comenta Maisa.
“Muitos esperam que seus pais sejam mantidos juntos para sempre e, quando isso não acontece, podem sentir que perderam uma parte importante de sua vida”.
Mas algumas separações podem, na verdade, trazer alívio e até mesmo melhorar a qualidade de vida dos filhos, especialmente se a relação entre os pais era tóxica ou abusiva, declara.
E a separação pode permitir que os pais encontrem novos parceiros ou estilos de vida que possam ser saudáveis para todos os envolvidos.
“Os filhos adultos devem procurar apoio emocional e buscar maneiras de lidar com as mudanças em suas famílias de maneira saudável e construtiva” recomenda a advogada.
Alguns aspectos positivos a serem considerados pelas mulheres maduras após um divórcio:
- Redescobrir a Si Mesma: Com mais tempo e autonomia, a mulher pode se concentrar em seus próprios desejos e objetivos, resgatando hobbies antigos, explorando novos interesses e investindo em seu desenvolvimento pessoal.
- Fortalecer Laços Sociais: A reaproximação de amigos e familiares pode ser crucial para que uma mulher se sinta amparada e querida durante esse processo de mudança.
- Construir Novos Relacionamentos: Se sinta preparado, uma mulher pode iniciar novos relacionamentos amorosos, aproveitando a experiência e a maturidade adquirida ao longo dos anos.
- Dedicar-se à Carreira: Com mais tempo disponível, uma mulher pode se dedicar à sua carreira profissional, buscando novos desafios e realizando sonhos antigos.
- Priorizar o Autocuidado: Cuidar da saúde física e mental é fundamental para o bem-estar da mulher. Investir em atividades físicas, alimentação saudável, práticas relaxantes e acompanhamento psicológico podem ser cruciais para essa jornada de recomeço.
O divórcio grisalho, portanto, não deve ser visto como um fim, mas como um novo começo. É uma oportunidade para uma mulher madura se redescobrir, perseguir seus sonhos e construir uma nova vida mais feliz.
Assista alguns vídeos sobre Divórcio Grisalho:
Nos Estados Unidos, “divórcio grisalho” leva mais idosos a viverem sozinhos | LIVE CNN- 02:36
Divórcio Grisalho – Dra. Anahy D´Amico- 12.20
Uma separação nunca é fácil, mesmo que a decisão seja consciente. Todos precisam aprender a lidar com perdas e a ressignificar suas vidas.
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Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2ln72zg5x2o https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/02/16/brasil-registra-cerca-de-387-mil-divorcios-em-2021-alta-de-168percent.ghtml
https://www.istoedinheiro.com.br/divorcio-grisalho-por-que-casais-se-separam-apos-decadas-de-uniao/