A frase “de perto ninguém é normal” ficou popular no Brasil muito em função da música Vaca Profana, de Caetano Veloso: “Mas eu também sei ser careta. De perto, ninguém é normal. Às vezes segue em linha reta. A vida, que é meu bem, meu mal”
“A frase foi adotada como forma de colocar em questão o conceito de normalidade que distingue e classifica as pessoas”, segundo o psiquiatra Paulo Amarante.
Para promover o respeito e a inclusão social, foi criado o termo “Neurodiversidade”, em 1998, por Judy Singer, uma socióloga australiana.
“O termo Neurodiversidade foi cunhado com o propósito de demonstrar que as variações das condições neurológicas na espécie humana são normais e deficiências que afetam essa área não devem ser vistas como doenças ou incapacidades e busca, entre outros aspectos, o respeito e a inclusão social.”
“Ninguém é normal” também é o título do livro do renomado antropólogo e pesquisador Roy Richard Grinker que “mergulha fundo nesse debate, desafiando conceitos arraigados sobre o que é considerado “normal” e explorando as origens do estigma em torno dos transtornos mentais. Afinal, ninguém é normal?”
Saúde mental em evidência
O tema da saúde mental ganha cada vez mais espaço, à medida que nos conscientizamos da diversidade humana e da necessidade de aceitação e compreensão.
No livro “Ninguém é Normal”, Roy Richard Grinker, “destaca a importância de repensar nossos ideais e valores sociais. Ele desafia a noção de que a normalidade é uma ilusão prejudicial criada pela cultura e argumenta que os transtornos mentais são mais comuns e afetam a todos nós de alguma forma”.
A Revista Vida Simples entrevistou Roy Richard Grinker. Leia alguns trechos que transcrevemos para você:
O estigma é a maior barreira ao tratamento dos transtornos mentais
“Transtornos mentais são uma das maiores causas de incapacidade no mundo, no entanto, eles são subtratados, mesmo nos países mais ricos. Em todo o mundo, os profissionais de saúde mental afirmam que o estigma é a maior barreira ao tratamento. E apesar de tanto esforço de educação e sensibilização, o estigma persiste. Eu queria descobrir de onde veio o estigma da doença mental e como podemos minimizá-lo. Se o estigma é a maior barreira aos cuidados, por que não fazemos mais pesquisas e financiamos mais pesquisas sobre o tema? O trabalho sobre o estigma é ofuscado pela pesquisa biológica, genética e neurológica, mas a pesquisa nessas áreas nunca reduziu o estigma”.
A cultura impacta na construção do estigma
“Não estamos programados para julgar, menosprezar ou marginalizar pessoas que estão sofrendo. Se estamos programados para alguma coisa, é para cuidar das pessoas que sofrem! Mas a realidade é que todas as sociedades têm valores, e elas impõem esses valores aos outros. Nos tempos modernos, sociedades moldadas pelo capitalismo – e até mesmo aquelas que tentam rejeitar o capitalismo – ainda valorizam um tipo particular de pessoa e desvalorizam outro. Valorizam pessoas que atendem aos ideais capitalistas de independência, autonomia, autocontrole e produtividade. Quando alguém não consegue alcançar esses ideais, e identificamos a razão como sendo sua mente ou personalidade, tendemos a desvalorizá-las”.
Transtornos mentais impactam a todos nós de uma determinada maneira
“Gostaria que as pessoas entendessem que normalidade e anormalidade são polos em um “amplo continuum”, polos que ninguém habita. Estamos cada vez mais percebendo que o normal é uma ilusão prejudicial que nossa cultura criou. E estamos reconhecendo que os transtornos mentais são mais comuns do que costumávamos pensar e que eles afetam a todos nós – seja individualmente ou por causa de nossos relacionamentos com os outros. De fato, é impossível imaginar que haja alguém desconectado (ou imune) da doença mental. É uma questão de grau, todos nós estamos sempre em algum lugar em um espectro de doença e, ao longo de nossas vidas, nos movemos ao longo dele”.
Respeito a inclusão social podem suavizar a jornada
“Também estamos percebendo que é a nossa sociedade, não a natureza, que torna as coisas anormais ou incapacitantes. Muitas diferenças humanas são patológicas ou incapacitantes apenas se a sociedade as tornar assim – como a pessoa em uma cadeira de rodas que é “incapacitada” apenas quando o ambiente não tem rampas ou elevadores,” declara o pesquisador.”
Com a maturidade, aprendemos que essa busca pelo normal que é cobrado pela sociedade, é uma ilusão, e que a beleza da vida reside justamente nas imperfeições que nos tornam únicas.
Essa percepção nos permite também olhar para o outro com mais empatia. Quando entendemos que a “normalidade” é um conceito fluido e muitas vezes inatingível, passamos a julgar menos e a acolher mais. Conseguimos ver a humanidade em cada um, com suas grandezas e suas vulnerabilidades, e apreciar a riqueza da diversidade que nos cerca.
Assista aos vídeos que pesquisamos sobre o tema:
Neurodiversidade | Metrópolis – 6:12
Neurodiversidade e inclusão: qual o papel da saúde no processo? | Einstein Hospital – 1:02:02
“Há um estigma social com relação aos transtornos mentais”, diz psiquiatra no Jornal da Tarde | Jornalismo TV Cultura – 06:12
Com certeza conhecemos alguém que não se adapta totalmente ao conceito de normalidade que a sociedade espera. Mas agora já temos argumentos para acolher essa pessoa com empatia. Afinal, de perto ninguém é normal.
Livro: Ninguém é normal: Como a cultura criou o estigma do transtorno mental
por Roy Richard Grinker- R$ 99,90 (julho/2025)

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Fontes:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-neurodiversidade.htm https://madinbrasil.org/2017/01/de-perto-ninguem-e-normal/
