Conscientização da violência contra idosos

Conscientização da violência contra idosos

15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

Histórico

No ano de 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, INPEA (International Network for the Prevention of Elder Abuse), instituiu o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.

Segundo a Unifesp – Escola Paulista de Medicina, ainda que seja considerada como um grave problema de saúde pública, a violência contra a pessoa idosa ainda se “esconde” sob o véu da dúvida e do desconhecimento, sendo assim um aspecto pouco abordado na sociedade.

O objetivo da valorização dessa data é dar visibilidade à sociedade sobre as diversas formas de violência contra a população idosa em todo o mundo e ao mesmo tempo sensibilizar para o enfrentamento dessa questão tão importante.

A campanha Junho Violeta reforça o combate à violência contra a pessoa idosa

O Junho Violeta foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e alerta para conscientização e combate a atos de violência contra os idosos. O objetivo da campanha é despertar a sociedade como um todo no processo de sensibilização para coibir, diminuir e amenizar o sofrimento da pessoa idosa contra a violência que essa população vem sofrendo, em especial neste período de pandemia e isolamento social.

Há vários tipos de violência contra o idoso, não só a física e os números são alarmantes como você verá durante o decorrer desta matéria.

O que é considerado como violência contra idoso?

Para que a gente possa entender mais sobre isso e ajudar a combater esta atitude covarde, a fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, conversou com Claudia Fló, Doutora em Fisiopatologia Experimental e Envelhecimento Humano pela USP e Coordenadora da Área Técnica de Saúde do Idoso na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Claudia explicou que é considerada violência contra idoso qualquer ato contra o idoso ou algo que você deixe de fazer e que cause danos à pessoa, independentemente da quantidade de vezes. Por exemplo, se você deixar de dar um medicamento ou alimentação adequada para um idoso isso é uma violência.

Se você causar danos, sofrimento ou angústia na pessoa idosa, é considerado violência, não só a agressão física.

“Infelizmente, geralmente a violência é praticada por uma pessoa com quem o idoso tem uma relação próxima e de confiança. Por exemplo, um filho com uma mãe, duas irmãs, uma amiga”, detalha Claudia.

As principais causas de violência contra o idoso são várias: como por exemplo, o uso de drogas de quem mora com ele, a falta de recursos financeiros e, muitas vezes, esse idoso pode ter sido uma pessoa muito ruim para os filhos e quando ele está velho e frágil, o agressor acha que é o momento para se vingar. É horrível, mas acontece.

Aumento no número de denúncias de violências contra o idoso

Só nos três primeiros meses de 2024 já foram registradas 42.995 denúncias de violações contra pessoas de 60 anos de idade ou mais na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH).

Número bem maior do que os do mesmo período de 2023, com 33.546 registros, e de 2022, com 19.764. Entre os abusos mais comuns este ano, destaques para negligência (17,51%), exposição de risco à saúde (14,68%), tortura psíquica (12,89%), maus tratos (12,20%) e violência patrimonial (5,72%).

Entendendo os tipos de violência contra os idosos

Segundo a Claudia, além da violência física, há também a violência psicológica, que também é terrível como o que ela nos conta em sua narrativa:

  • Frases ofensivas ditas repetidamente: Imagine uma pessoa ouvir todos os dias de um filho ou filha frases como: “Nossa, você ficou uma inútil, agora não faz mais nada. Para que você serve?” ou “você fazia um arroz tão gostoso, agora nem para fazer arroz você presta?” Isso não machuca a pele da pessoa, mas machuca a alma!
  • Violência financeira: Ocorre com frequência o parente pedir o crédito consignado, em nome do pai, da mãe ou do avô. Muitas vezes o neto pode pedir para a avó fazer o empréstimo, podendo até ameaçar a pessoa idosa para fazer o empréstimo.
    Recentemente circulou nas mídias sociais o vídeo de uma mulher tentando sacar um empréstimo no nome de um idoso morto que ela trazia em uma cadeira de rodas que causou indignação até mesmo no exterior. Presa, Érika de Souza Vieira Nunes alega que estava tentando buscar o dinheiro para que o tio comprasse uma TV e reformasse a casa, mas a polícia trata o caso como tentativa de fraude porque Paulo Roberto Braga, de 68 anos, já estava morto no momento em que a sobrinha pedia para que ele assinasse. Inacreditável!
  • Negligência: Por exemplo deixar de comprar uma roupa, deixar de cuidar adequadamente, deixar o leito da pessoa que fez as necessidades na cama sujo por muitas horas.
  • Abandono: infelizmente muitas pessoas idosas são abandonadas em leitos de hospitais, residenciais de idosos e até na rua.
  • Arrimo de família: durante a pandemia, ficou escancarado que muitas vezes esse idoso é arrimo de família. Ou seja: a sua aposentadoria sustenta toda a família.

A violência contra o idoso é considerada crime e já consta do estatuto do idoso que é responsabilidade dos filhos cuidar dos pais.

O que podemos fazer para diminuir a violência contra idosos

Todos podemos tomar algumas ações para diminuir a violência contra o idoso. Claudia dá alguns exemplos:

  • Esclarecer, dar informação quando presenciar uma situação que caracterize violência: Às vezes o familiar não percebe que o idoso pode ter uma demência, ou estar num processo inicial e por esta razão repete várias vezes a mesma coisa, o que deixa a pessoa nervosa. Você pode sugerir uma investigação. Pílulas de informação podem ajudar.
  • Ser um agente replicador: Conversar com outras pessoas, sempre que possível, esclarecendo sobre os tipos de violência contra o idoso, como podem agir. Ensinar e aprender também. Seria ótimo a mídia ajudar na divulgação dessas situações.
  • Denunciar casos de violência: Tem o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) que recebem denúncias anonimamente, são gratuitos e funcionam 24 horas por dia, todos os dias da semana, segundo o site gov.br. De acordo com o mesmo site, você também pode baixar o aplicativo “Proteja Brasil”, disponível para IOS e Android para fazer a denúncia e acompanhar o andamento.
    Ou então ir até a delegacia mais próxima, no Conselho Municipal do Idoso ou na Delegacia do Idoso. Lembre-se que você pode até evitar um homicídio.

Muitas vezes a pessoa tem consciência que está sendo agredida, mas é o filho ou a filha que está fazendo isso. E não denuncia porque se o filho ou a filha for preso, não terá quem cuide dela. Existe também o aspecto emocional, mesmo com as agressões, o sentimento de maternidade e paternidade.

Muitas vezes a pessoa grita porque tem Alzheimer. Grita porque grita. É até comum isso. Mas precisa ver se é isso mesmo. Afinal, não é só agressão física que é considerada violência ao idoso: constranger, humilhar, negligenciar, desviar bens, dinheiro ou benefícios de idosos também são formas de agressão e de violência. E temos que zelar pela dignidade do idoso. E não permitir que sofram qualquer tratamento desumano, violento e constrangedor. Além de ter a legislação própria contra a violência do idoso; não podemos lavar as mãos.

Abandono dos idosos em hospitais e nas ruas, uma triste realidade

Infelizmente o abandono de idosos nos hospitais ou em casas de repouso é comum. A Assistente Social tenta encontrar algum familiar que possa cuidar do idoso, primeiro pelo telefone da pessoa que deixou o idoso no hospital ou na casa de repouso. Os idosos podem ficar meses abandonados nos hospitais, mesmo depois da alta hospitalar.

Algumas soluções sugeridas pela Claudia:

  • Temos que trabalhar todos juntos. Pensar o que a gente pode fazer e como pode ajudar. Adotar uma ILPI- Instituição de Longa Permanência.
    Recolher alimentos não perecíveis e doar para uma instituição.
  • Centros-dia: locais para idosos independentes ou semi- dependentes, onde ele pode ficar o dia inteiro. É bem cuidado, alimentado, recebe seus medicamentos e volta para casa no final do dia. Pode ser particular, ou do governo.
  • Centro de Convivência é um lugar destinado para convívio social de idosos independentes, onde podem fazer atividades de lazer como ginástica, assistir um filme, uma aula e fazer um artesanato.
    Existem unidades municipais, estaduais e particulares, tanto de Centros Dia como de Centros de Convivência.
  • Doações de parte do imposto de renda devido para o Fundo do Idoso – uma forma de ajudar: todas as pessoas físicas e pessoas jurídicas podem doar parte do imposto de renda devido para o fundo estadual do idoso ou para o fundo municipal do idoso.

Link se você quiser saber mais sobre as regras de doação ao Fundo do Idoso.

Claudia Fló nos passa algumas dicas de convivência e capital social enquanto ainda administramos a nossa vida:

  • Tente não levar as coisas tão a sério e se ajustar enquanto você ainda é mais jovem.
  • É muito chato ter uma pessoa ao seu redor que reclama o tempo todo. Envelheça com bom humor e serenidade.
  • Preste atenção em como você é e trata as pessoas, inclusive as mais velhas

Assista a entrevista com a Claudia Fló na íntegra. Acesse:

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Um abraço,

Estilo 5.0+

Fontes:

https://sbgg.org.br/dia-mundial-de-conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa-2/

https://sp.unifesp.br/epm/noticias/dia-mundial-de-conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2023/outubro/o-estatuto-da-pessoa-idosa-e-os-desafios-para-o-futuro#:~:text=O%20Estatuto%20da%20Pessoa%20Idosa%2C%20que%20completou%2020%20anos%20em,no%20Brasil%20est%C3%A1%20bem%20amparada.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-04/numero-de-denuncias-de-violencia-contra-idosos-cresce-em-2024#:~:text=S%C3%B3%20nos%20tr%C3%AAs%20primeiros%20meses,e%20de%202022%2C%20com%2019.764.

https://cndl.org.br/politicaspublicas/52-dos-idosos-sao-os-principais-responsaveis-pelo-sustento-da-casa-revela-pesquisa-da-cndl-spc-brasil/#:~:text=CNDL%20%2D%20Assessoria%20%E2%86%92-,52%25%20dos%20idosos%20s%C3%A3o%20os%20principais%20respons%C3%A1veis%20pelo%20sustento%20da,pesquisa%20da%20CNDL%2FSPC%20Brasil&text=mercado%20de%20trabalho-,A%20pandemia%20da%20COVID%2D19%20acarretou%20uma%20grande%20crise%20econ%C3%B4mica,provocou%20o%20aumento%20do%20desemprego.

Cintia Yamamoto Ruggiero

Sou apaixonada pelo tema Longevidade, curiosa e inquieta! Quero participar ativamente da revolução da longevidade e colocar o aprendizado profissional de mais de 30 anos e a experiência nas áreas de Negócios e Marketing para trazer conteúdos, produtos e serviços para as Mulheres 50+, conectadas, curiosas e interessadas!