Louângela Bianchini: resgate do simples, a essência da felicidade

Louângela Bianchini - resgate do simples, a essência da felicidade2

Ficar com a família, se reconectar com o simples, com a terra, a natureza, e os amigos é o que dá paz e felicidade para Louângela Bianchini atualmente.

No bate papo de hoje, na categoria de Inspirações de vida, criado por sugestão das seguidoras da Estilo 5.0+, onde trazemos mulheres com mais de 50 anos para dividir um pouco de suas experiências, a fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, fundadora da Estilo 5.0+ conversa com a brilhante Advogada e Executiva Louângela Bianchini.

Vamos saber mais sobre Louângela Bianchini?

Louângela Bianchini – é mineira, casada, formada em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia, com vários cursos de especialização, incluindo o Programa de Desenvolvimento para Executivos pelo IMD na Suíça e está concluindo o Mestrado em Direito dos Negócios pela Fundação Getúlio Vargas

Louângela atualmente é General Counsel de uma empresa na área de meios de pagamentos.

Ela tem mais de 30 anos de atuação na área jurídica com experiência em vários segmentos, como por exemplo no Banco Safra, no Banco Citibank, empresa em que atuou por oito anos.

Também trabalhou no renomado escritório de advocacia Machado, Meyer Advogados, além do Grupo Algar em Minas Gerais. E foi também professora do curso de Direito da Universidade Federal de Uberlândia.

Eleita 3 vezes Advogada do ano em Serviços Financeiros, sendo 2 para a América Latina e 1 globalmente. Todas pela International Law Office

Premiada com Special Distinction pela Leaders League como o melhor departamento jurídico da América Latina e ainda integra a lista GC Powerlist de 2018, na área financeira, publicação que traz os advogados mais influentes em atuação no Brasil.

Direito – uma trajetória profissional fantástica, mas não foi seu interesse inicial

Louângela conta que não pensava no Direito primariamente. O interesse inicial, quando chegou a idade do vestibular, era ser Diplomata. Ela é de Uberlândia e na época só tinha em Brasília, como era muito nova seus pais acharam que ela deveria ser um pouco mais madura para sair de casa e morar sozinha.

Então ela optou por estudar Direito porque é uma matéria que faz parte  dos estudos da carreira diplomática e pelo menos estaria fazendo algo conectado a sua vontade inicial.

Mas quando iniciou os estudos em Direito, se apaixonou e a sua vida foi para esse lado. Hoje ela continua apaixonada pelo que faz e se empolga. Mas foi uma escolha que não foi natural. Tem gente que fala: vou ser engenheiro e é engenheiro e ponto. Mas ela não tinha o Direito como primeira opção.

As experiências de sair de Uberlândia e vir para São Paulo

Louângela diz que quando pensa nisso, passa um filme na vida e comenta que é difícil você sair de uma cidade do interior e vir para um grande centro. Ela é apaixonada por São Paulo e acha que é a terra da meritocracia e deve muito da sua carreira a essa cidade.

Mas, reforça que não foi fácil, nem trivial ainda que ela tenha estudo e se formado em uma Federal no interior, sempre existe um pouco de preconceito e no passado ainda mais difícil. Louângela mora em São Paulo há vinte e quatro anos, e acha que havia um pouco de preconceito, segundo ela, para contratar uma advogada formada no interior. Havia a preferência pelas grandes e famosas universidades de São Paulo, que formam profissionais de primeira. Então, conclui ela, “A pessoa chegar num ambiente e ter que exercer a sua profissão enfrentando isso, não dá para dizer que foi fácil.”

Mas ela olha para essas experiências, e entende que cada uma delas foi parte formadora do seu caráter, da sua profissão e de como atuar. Ela acha que uma das características que ela tem é essa gratidão, até mesmo pelas dificuldades que passou porque nessa somatória é que ela se tornou a Louângela de hoje e resume: “Foi difícil, mas não é impossível.”

A visão sobre a liderança feminina na advocacia aqui no Brasil

Cintia comenta que numa matéria de uma agência especializada em marketing jurídico, há a informação de que a liderança feminina na advocacia, pelo menos nos escritórios de advocacia no Brasil, ainda enfrenta grande preconceito. Especialmente para ser considerada no quadro de sócios e na remuneração e pede a opinião de Louângela a respeito.

Louângela responde que felizmente estão havendo muitos debates e discussões, muitos movimentos em prol de uma maior diversidade, seja de gênero, de raça ou opções sexuais, apesar de não estar no ponto ideal como está sendo colocado pelo Instituto que existem dificuldades. Mas , na sua opinião, começam a surgir algumas ilhas e algumas coisas que estão acontecendo que são interessantes.

Primeiro ela coloca que a questão do preconceito é fato, senão não estaríamos discutindo esse assunto. Ela explica que quando as pessoas discutem esse assunto de preconceito, ninguém fala “não vou te promover porque você é mulher”, tirando aqueles casos escabrosos que de vez em quando aparecem, mas que na opinião dela são casos isolados. Às vezes é até uma questão velada, até do inconsciente coletivo.

“Ainda bem que as pessoas estão numa fase de conversa, de debate, e até de briga. Existem empresas que fazem questionários sobre diversidade para poder contratar seus fornecedores.” destaca Louângela

Nos escritórios de advocacia também existem ilhas que estão tentando romper essa barreira. Recentemente, Louângela ouviu de um sócio de um grande escritório aqui de São Paulo, que é o Mattos Filho, falando sobre as grandes iniciativas que eles têm de criar para atender essa diversidade.

Louângela comenta: “é fato que nós mulheres temos que superar essa barreira, mas a gente só supera falando sobre isso, encampando movimentos, ajudando outras mulheres, fazendo Coach para outras mulheres, puxando essas mulheres para que a gente possa criar num futuro próximo uma hegemonia que minimamente represente a divisão nacional entre homens e mulheres e a representatividade de outras diversidades também que a gente sabe que é importante. A minha perspectiva é diferente da sua e a ideia só é criativa suficiente, boa suficiente quando ela comporta esses diferentes pontos de vista”.

Ela acha que estamos num caminho muito bom para isso, mas ainda muito distante. Com algumas ilhas de excelência que justificam esse esforço extra para fazer com que a ilha seja ao contrário. Que seja exceção não ter um quadro tão homogêneo de mulheres e homens, racial, pcds, que ela defende muito. “Tudo depende muito de nós como mulheres à frente de empresas com essa representatividade para falar sobre isso.  O assunto quando mais se fala, mais a gente passa a prestar a atenção. Até que a gente consiga romper esse viés subconsciente que permeia a sociedade. O tecido social veio sendo formado de uma maneira heterogênea. Cabe a nós construir esse papel de brigar e fazer com que o outro perceba que a nossa participação é boa. Que podemos contribuir, que trazemos pontos de vista diferente e que nós enriquecemos a discussão” conclui Louângela.

O Etarismo dentro das corporações

Cintia comenta que um dos itens dentro de diversidade e que nos debates sobre longevidade é muito comentado, é ainda a falta de inclusão ou importância sobre os profissionais maduros e pergunta para Louângela como ela enxerga o etarismo dentro das corporações que ela tem acompanhado.

Louângela responde que acha que o etarismo é uma barreira que não está sendo discutida tão profundamente quanto deveria. Existem experiências mais no exterior do que aqui no Brasil em que a se vê um balanço, principalmente nessas ondas de inovação em que traz os jovens com aquela energia, capacidade criativa, mas traz também o profissional mais maduro, que passou por várias experiências e que pode fazer o equilíbrio nas empresas. Mas esse é um tema que deveria ser mais discutido.

Louângela comenta que recentemente viu num supermercado, um idoso fazendo os pacotes e ele estava numa felicidade de se sentir útil.  Na sua opinião, o maior medo que as pessoas têm é de perder a utilidade. Não podemos permitir que um olhar como esse não permita enxergar a utilidade do outro.

Ela entende que o etarismo como o PCD ainda estão numa discussão mais incipiente em relação a outros temas como a equidade de gênero, raça e a sexual. Talvez porque a pessoa não se vê com esse problema, muitas vezes não imagina que um dia vai ficar idosa e precisará de ajuda.

Falando sobre as habilidades de um profissional de Direito do futuro

Frequentemente Louângela ouve essa pergunta. Quais são as habilidades de um profissional do futuro. Ela acha que para o mundo de hoje, o profissional de direito deve ter mais soft skills. Comunicação não violenta, analisar o todo, mais generalistas para enxergar as várias facetas. Mais capacidade de relacionamento e menos técnica.

Hoje acontece muita inovação e a inteligência artificial

Louângela comenta que leu em alguma matéria que teremos em 2030 a facilidade de implantação de chips de conhecimento e que a pessoa poderia acessar como uma biblioteca mental. Nesse sentido, o que faz a diferença no profissional é a capacidade de se relacionar e de entender todo o ambiente que ele está atuando. A capacidade de comunicação e tudo que isso engloba. E já é isso que as empresas estão buscando hoje.

Louângela acha que as faculdades de direito não estão preparadas, mas ela enxerga essa preocupação. Há faculdades com propostas bem interessantes. Um pouco mais de sociologia, de psicologia, que faria todo o sentido nas faculdades. Um colega dela do mestrado está fazendo um artigo e uma pesquisa sobre como os currículos das faculdades não estão preparando os profissionais do futuro na área de Direito.

A média das faculdades ainda prepara o profissional no escopo da parte legal, mais técnico. E talvez tenha que ser feita alguma modificação. Algumas escolas já estão implementando, mas são ilhas de excelência.

Conhecendo as paixões da Louângela

Nesse trecho Louângela divide um pouco sobre suas paixões. De onde surgiram o amor pela natureza, pela terra, pelos cachorros e pelos óleos essenciais.

Louângela começa explicando sobre a sua paixão sobre a terra e a natureza: “acho que a gente é um ser humano e carrega as memórias afetivas. Eu sou neta de agricultores, então meus avós eram fazendeiros e eu sempre gostei do contato com a terra, então desde muito cedo a gente ia passar as férias na fazenda do meu avô e por lá ficávamos e ajudávamos nos afazeres da fazenda. Então essa conexão com a terra para mim ela é uma conexão muito importante”.

Quando veio para São Paulo e depois adquiriu um pedacinho de terra em Uberlândia, começou a fazer algumas coisas que traziam essa lembrança de quando era pequena. Ela gosta dessa conexão.

Ela tinha medo de cachorro, não gostava. E aí ela se encantou por eles e agora tem quatro. Um deles é mais difícil porque adora ficar no colo.

Ela acha que essa simplicidade é importante.  “A gente vive numa cidade que é muito envolvente em que você tem vários compromissos, coisas de trabalho que são geralmente almoços, jantares, as reuniões, então essa relação com um pouco das suas origens é muito importante para não perder essa conexão e se lembrar de quem você é” declara Louângela.

E então os óleos essenciais surgiram na sua vida. O pai faleceu com câncer. Na época que soube da notícia foi muito sofrido porque é uma doença devastadora que sofre o doente e todo mundo ao derredor. Na época, precisou de ajuda. Foi para terapia e o psicoterapeuta orientou para fazer alguma coisa com as mãos para se distrair e liberar essa tristeza em que se encontrava.

Então foi fazer sabonete artesanal para se distrair e daí conheceu os óleos essenciais através de uma pessoa fantástica que se chama Beth Bachini. Ela dá cursos maravilhosos para a pessoa aprender a fazer o seu próprio cosmético.

Conheceu os óleos essenciais, foi estudar e se apaixonou por aquilo.  Foi para a França, fez vários cursos e sempre tem alguns óleos por perto para socorre-la, quando necessário e é também uma forma de estudar alguma coisa diferente do seu dia a dia.

Os óleos essenciais se tornaram uma paixão para Louângela. Ela comenta que se você gosta da natureza, se você gosta do natural, se você gosta de um chazinho, vai estudar os óleos essenciais que vai te dar calma, vai te dar paz, vai te dar conhecimento sobre coisas que talvez tenham se perdido por aí.

Então, para ela, é uma forma de se equilibrar. Todo mundo tem sua válvula de escape, e para ela a válvula de escape é estudar essas coisas simples da terra. É o que a faz feliz.

Momentos de relaxamento

Uma das coisas que a Louângela adora fazer para relaxar é ler. Adora estudar coisas diferentes do seu dia a dia. Então geralmente quando está na fazenda, ou não está trabalhando, gosta de ler e de ler coisas diferentes.

Talvez esse ano por causa do mestrado as leituras diferentes estejam mais escassas, também encara isso como uma coisa absolutamente tranquila. “Porque a gente tem que aprender a lidar com esse estressezinho diferente” ela comenta.  Então optou por fazer o mestrado que obviamente tira um pouco do seu tempo livre, mas é passageiro, tem começo meio e fim.

Ela adora ler sobre teologia, sobre história. Gente que existiu. Toda a história e biografia que ela lê fica tentando imaginar como foi aquele processo decisório. Se ela pega a biografia do Obama, por exemplo, que está aí com a sua trilogia. Como foi o processo decisório, como foi A ou B e isso também em outros setores do mercado. Ela lê muito também sobre os ditadores da história. Isso para entender como funciona uma mente que não funciona. E acha que isso lhe dá conhecimento.

Outro momento de relaxamento é a prática de mergulho junto com o marido.

Gosta de ficar com a família. É onde se reconecta com o simples, onde se reconecta com a sua essência, se reconecta com o seu início. Sua família é o início e precisa desse início para lhe dar sustentação no dia a dia. Ela não faz nenhum tipo de malabarismo. As suas conexões são feitas com coisas simples. Adora jantar com os amigos, bater papo sobre os mais diversos assuntos.  “Isso é que faz a gente se melhorar como pessoa e ser humano. Isso para mim faz uma grande a diferença”, conclui Louângela.

Mensagem para as mulheres 50+

“É tão bom chegar nessa idade. Te dá uma certa tranquilidade, uma certa aceitação. E essa maturidade, essa capacidade de compreender coisas que talvez no passado a gente não compreendia. Essa idade também traz com o que que vou brigar. Vou brigar pelo que realmente faça sentido. Aquilo que não é importante que foi tão importante no passado, você deixa para lá. Estou curtindo muito esta fase. É uma fase de tá bom, não consigo fazer tudo. Tá bom. Isso vou deixar para amanhã”.

“Tá bom, cada um faz a sua história. Principalmente com os filhos: abre os olhos, veja isso, veja aquilo e na verdade cada um tem a sua história. Deixa eles escreverem a história deles. O máximo que você vai fazer é orientar dizendo que a minha opinião é essa mas a história é sua.”

Louângela comenta que essa calmaria que de quem já cursou uma boa parte da vida, talvez a metade da vida com a longevidade aumentando.  Ela fica refletindo:  sua mãe tem 85 anos. Já percorreu uma boa parte da vida.

Ela se pergunta: o que é importante? Pelo que realmente eu vou lutar? Isso é importante se perguntar. A grande sacada da maturidade, o grande ganho da maturidade. É isso. Se aceita como você é aceita suas imperfeições, aceita o seu corpo. Essa calmaria é um sentimento muito poderoso. Muito bom!

Bora mulherada, finaliza Louângela.

Contato:

linkedin.com/in/louangela-b-3a223916

Assista o bate papo completo com Louângela Bianchini na íntegra:

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Time Estilo 5.0+

Cintia Yamamoto Ruggiero

Sou apaixonada pelo tema Longevidade, curiosa e inquieta! Quero participar ativamente da revolução da longevidade e colocar o aprendizado profissional de mais de 30 anos e a experiência nas áreas de Negócios e Marketing para trazer conteúdos, produtos e serviços para as Mulheres 50+, conectadas, curiosas e interessadas!