
A menopausa é um assunto cercado de dúvidas e tabus. Geralmente associada a diversos sintomas desagradáveis que causam impacto na qualidade de vida, seja quanto aos sintomas físicos, quanto psíquicos.
“É uma fase natural da vida, mas traz desafios emocionais que afetam o bem-estar. Ansiedade, depressão e oscilações de humor são sintomas comuns, causados pelas mudanças hormonais e pelas transformações físicas dessa etapa”.
Segundo o Dr. Drauzio Varella, o termo menopausa “é definido como a ausência de menstruação por 12 meses consecutivos, e geralmente acontece entre 45 e 55 anos. Porém, os sintomas do climatério – período de transição menopausal, ou seja, transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva, em que começa a ocorrer um declínio dos níveis hormonais – podem aparecer muito antes, a partir dos 40 anos de idade”.
A chamada Perimenopausa, que é a fase de transição que ocorre antes de entrar na menopausa, também chamada fase de transição para a menopausa, apresenta sintomas como menstruação irregular, ondas de calor, alterações no humor ou dificuldade para dormir, por exemplo.
Impactos na saúde mental segundo a psiquiatria.
As psiquiatras Adriana Pereira e Christiane Ribeiro nos contam um pouco mais sobre a menopausa e os impactos na saúde mental, em entrevista para o site do Dr. Drauzio Varella.
“Nós, psiquiatras, sabemos que é uma fase muito parecida com a adolescência, de vulnerabilidade para depressão, ansiedade, surto psicótico, na mulher que já teve histórico. Precisamos fazer, muitas vezes, um tratamento em conjunto com endocrinologista ou com ginecologista, porque muitas mulheres vão passar por essa fase, vão fazer terapia de reposição hormonal e vão melhorar”, diz a dra. Adriana.
“Algumas mulheres podem ter impactos na saúde mental, como sintomas psíquicos e maior risco de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, especialmente nas pessoas com histórico dessas condições, nos explica Christiane Ribeiro, psiquiatra, mestre em medicina molecular e doutoranda em medicina molecular na área de cognição, gestação e cérebro feminino na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”.
A psiquiatra Adriana Pereira nos explica que “os hormônios estradiol e progesterona participam da síntese dos neurotransmissores como a serotonina, a dopamina, o gaba e o glutamato. Então, [com a queda hormonal] a gente acaba tendo uma desregulação desses neurotransmissores. Isso também propicia os sintomas de depressão, ansiedade, insônia e dificuldade de concentração. O que temos de verdade é uma célula neuronal que começa a ter falhas no seu funcionamento e impacta as funções cerebrais principais”.
“Assim, quem já enfrentou quadros de transtornos mentais ao longo da vida está mais vulnerável a esse tipo de problema no período do climatério e da menopausa”.
A Dra. Adriana complementa a explicação: “As mulheres mais vulneráveis para ter esses sintomas, principalmente a depressão perimenopausal, que é conhecida com essa terminologia, são aquelas que tiveram uma depressão em algum momento da vida, na infância, na adolescência, pode ser uma depressão pós-parto ou em qualquer outro momento. Então, as mulheres que tiveram depressão são as mais vulneráveis, aquelas que tiveram ansiedade generalizada, [síndrome do] pânico, elas podem agravar e, claro, as mulheres com transtorno bipolar, embora sejam as menos estudadas. Cogita-se que elas também possam ter uma maior propensão a ter um episódio de depressão nessa fase”, completa a dra. Adriana.
Para amenizar os sintomas associados às alterações hormonais desse período, é muito importante, além do acompanhamento médico, a manutenção de hábitos saudáveis. “[É preciso] entender que não é somente a medicação, não é somente o hormônio que vai mudar a vida da mulher, ela precisa buscar mudanças de estilo de vida também”, afirma a dra. Christiane.
Nesse contexto, a dra. Adriana destaca os pilares da medicina do estilo de vida, que incluem:
- Alimentação equilibrada;
- Atividade física regular;
- Sono de qualidade;
- Gerenciamento do estresse;
- Relacionamentos saudáveis;
- Controle do consumo de substâncias (álcool, cigarro e outras drogas).
Além disso, podem ainda ocorrer “sintomas cognitivos, como perda de memória, dificuldade de atenção e piora da função executiva (capacidade de planejamento e organização)”.
Tratamento e hábitos importantes na menopausa
“Em muitos casos, a reposição hormonal pode ajudar a reduzir os sintomas causados pelas alterações hormonais. No entanto, nem todas as mulheres têm indicação para uso de hormônios – às vezes por um risco aumentado de eventos trombóticos, doença cardíaca ou câncer de mama, por exemplo”.
“E, geralmente, quando ela pode fazer reposição hormonal, a gente soma as forças. É importante esse acompanhamento multiprofissional: trabalhar com psiquiatra, endocrinologista, ginecologista, psicólogo, tudo isso vai ser importante para a melhora da mulher nessa fase”, explica a dra. Christiane.
É importante também mencionar que nem todas as mulheres vão passar por situações de aumento de sintomas depressivos na menopausa. A depressão tem causas genéticas que tornam algumas mulheres mais vulneráveis à doença. “Quando a gente vai fazer o acompanhamento, é sempre muito importante investigar quadros prévios de depressão, como que foi ao longo da vida em relação às questões de oscilações de humor, do período pós-parto”, completa.
Saúde Mental na Menopausa: como encontrar equilíbrio emocional e bem-estar para essa nova fase.
O Dr. Joel Renó Jr, psiquiatra, Professor Colaborador Médico do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo e Diretor do Programa Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, se dedica há décadas ao estudo do impacto da menopausa na saúde mental feminina.
Segundo ele, em entrevista para a revista Viva Saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, há dois anos “uma conscientização com o tema Cognição e Humor na Menopausa, justamente para chamar a atenção das próprias mulheres, principalmente, para o aspecto mensal desse período de vida, quando a ovulação e a menstruação cessam”.
“Cada vez mais reconhecemos que as mulheres no período pós-parto e na perimenopausa, bem como aquelas que vivenciam a fase lútea, apresentam uma vulnerabilidade aumentada aos sintomas de humor”.
Com isso, a Sociedade Norte-americana de menopausa juntamente com o Grupo de Trabalho de Centros de Mulheres e Transtornos de Humor da Rede Nacional de Depressão pulicaram diretrizes baseadas em evidências que informam sobre o atendimento da depressão entre mulheres na perimenopausa. Há diversos gatilhos não apenas biológicos, mas psicossociais responsáveis pelos sintomas de humor no período.
Importante determinar o estágio reprodutivo da mulher para facilitar o cuidado apropriado da sua saúde mental. Ou seja:
“Perimenopausa: nessa fase a depressão costuma se manifestar com sintomas clássicos combinados a sintomas vasomotores.
Mulheres com histórico prévio de depressão, a resposta positiva anterior a um antidepressivo específico deve ser considerada na escolha do tratamento. E o uso da terapia com estrogênio pode ser tão eficaz quanto o uso de antidepressivos”.
Pós-menopausa: nessa fase o estrogênio já não demonstra essa eficácia no tratamento da depressão”.
Segundo Dr. Joel, é fundamental “não negligenciar os aspectos envolvendo o estilo e hábitos das mulheres climatéricas. Sedentarismo, tabagismo, má alimentação, etilismo, insônia, estresse crônico, problemas de autoestima e autoimagem podem deflagrar alguns transtornos de humor durante esse período”.
Ressignificação de experiências de vida é fundamental dentro do contexto biológico da mulher.
E o que considerar antes de iniciar qualquer tratamento?
Procure um médico. É essencial consultar um profissional de saúde antes de iniciar um tratamento. Cada mulher tem necessidades únicas, e o que funciona para uma pode não ser ideal para outra. É importante avaliar fatores como histórico médico, intensidade dos sintomas e possíveis contraindicações.
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Estilo 5.0+
Fontes:
https://drauziovarella.uol.com.br/mulher/menopausa/como-a-menopausa-impacta-a-saude-mental/
https://www.gndiminas.com.br/blog-da-saude/menopausa-saude-mental-em-foco-com-apoio-especializado
Revista Viva Saúde – edição 254
Vídeos/Podcasts
Impacto da MENOPAUSA na Saúde Mental – Corte do PodPeople- Dr. André Vinicius- Dra. Ana Beatriz- 07:56
Flávia Alessandra sobre reposição hormonal: ‘Já senti uma grande mudança’- Universa – 06:14
Menopausa – Fantástico 24/08/2025 Tudo o que as mulheres precisam saber. Claudia Raia – 14:57
O que é menopausa? | Drauzio Varella- 04:43