
A Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, INPEA (International Network for the Prevention of Elder Abuse), instituiu o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.
O objetivo da valorização dessa data é dar visibilidade à sociedade sobre as diversas formas de violência contra a população idosa em todo o mundo e ao mesmo tempo sensibilizar para o enfrentamento dessa questão tão importante.
Segundo artigo publicado no site da SBGG- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, “apenas nos três primeiros meses de 2023, mais de 202 mil casos de violação de direitos humanos contra pessoas idosas foram registrados no Brasil.
Os dados são da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (ONDH/MDHC) e representam um aumento de 97% em relação ao mesmo período de 2022, quando 102,8 mil violações foram registradas.
Nesta data, 15 de junho, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) chama a atenção para a “importância da denúncia e para as diferentes formas de violência a que está exposta a população em idade avançada”.
A campanha Junho Violeta reforça o combate à violência contra a pessoa idosa
A Campanha “Junho Violeta” foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e alerta para conscientização e combate a atos de violência contra os idosos.
No Brasil, a campanha Junho Violeta, promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), “esclarece e orienta a sociedade para a importância de garantir direitos e dignidade às pessoas idosas, a partir do conhecimento de registros oficiais e indicadores baseados em evidências científicas”.
“O objetivo da campanha é despertar a sociedade como um todo no processo de sensibilização para coibir, diminuir e amenizar o sofrimento da pessoa idosa contra a violência que essa população vem sofrendo, em especial neste período de pandemia e isolamento social.
Há vários tipos de violência contra o idoso, não só a física, como a psicológica. E os números são alarmantes.
Dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH) – plataforma do ministério – indicam que, além da violência física, a negligência ou abandono e a violência psicológica ou moral são as formas mais frequentes de maus-tratos”.
“As estatísticas também revelam um perfil preocupante das vítimas e agressores. A maioria das vítimas de violência contra idosos é mulher (58,6%), com filhos e filhas sendo os principais agressores (29,5%). O local mais comum das agressões é a própria residência da vítima (71,5%), e grande parte dos casos é recorrente (35,8%). Em termos étnicos, quase metade das vítimas são pessoas pretas e pardas (47,8%)”.
O que é considerado como violência contra idoso?
A Estilo 5.0+, através de sua fundadora Cintia Yamamoto, entrevistou Claudia Fló Claudia Fló, Doutora em Fisiopatologia Experimental e Envelhecimento Humano pela USP e Coordenadora da Área técnica de Saúde do Idoso na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, cujos trechos do conteúdo transcrevemos abaixo:
- Claudia explicou que é considerada violência contra idoso qualquer ato ou algo que você deixe de fazer e que cause danos à pessoa, independentemente da quantidade de vezes. Por exemplo, se você deixar de dar um medicamento ou alimentação adequada para um idoso isso é uma violência.
- Se você causar danos, sofrimento ou angústia na pessoa idosa, é considerado violência, não só a agressão física.
- As principais causas de violência contra o idoso são várias: o uso de drogas de quem mora com ele, a falta de recursos financeiros e, muitas vezes, esse idoso pode ter sido uma pessoa muito ruim para os filhos e quando ele está velho e frágil, o agressor acha que é o momento para se vingar. É horrível, mas acontece.
Entendendo os tipos de violência contra os idosos
Claudia compartilha que, além da violência física, há também a violência psicológica e pontua com alguns exemplos:
- Frases ofensivas ditas repetidamente: “Nossa, você ficou uma inútil, agora não faz mais nada. Para que você serve?”
- Violência financeira: Ocorre com frequência o parente pedir o crédito consignado, em nome do pai, da mãe ou do avô.
- Negligência: deixar de comprar roupa para a idosa, de cuidar adequadamente, deixar a pessoa suja sem a higiene necessária e a cama suja por muitas horas.
- Abandono: muitas pessoas idosas são abandonadas em leitos de hospitais, residenciais de idosos e até na rua.
- Arrimo de família: a aposentada sustenta toda a família.
Importante: A violência contra o idoso é considerada crime e já consta do estatuto do idoso que é responsabilidade dos filhos cuidar dos pais.
O que podemos fazer para diminuir a violência contra idosos
Exemplos de algumas ações para diminuir a violência contra o idoso, segundo Claudia Fló:
- Esclarecer, dar informação quando presenciar uma situação que caracterize violência porque muitas vezes o familiar não percebe que a pessoa idosa está num processo inicial de demência.
- Ser um agente replicador: esclarecer os tipos de violência contra o idoso junto aos seus relacionamentos e nas redes sociais para que possam agir. Ensinar e aprender.
- Denunciar casos de violência: Tem o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) que recebem denúncias anonimamente, são gratuitos e funcionam 24 horas por dia, todos os dias da semana, segundo o site gov.br – https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2019/05/internet-disque-100-e-ligue-180-recebem-denuncias-por-aplicativo.
- De acordo com o mesmo site, você também pode baixar o aplicativo “Proteja Brasil”, disponível para IOS e Android para fazer a denúncia e acompanhar o andamento.
- Ir até a delegacia mais próxima, no Conselho Municipal do Idoso ou na Delegacia do Idoso. Lembre-se que você pode até evitar um homicídio.
Destaque: muitas vezes a pessoa idosa tem consciência que está sendo agredida, mas é o filho ou a filha que está fazendo isso. E não denuncia porque se o filho ou a filha for preso, não terá quem cuide dela. Existe também o aspecto emocional, mesmo com as agressões, o sentimento de maternidade e paternidade.
Abandono dos idosos em hospitais e nas ruas, uma triste realidade
Infelizmente o abandono de idosos nos hospitais ou em casas de repouso é comum. Os idosos podem ficar meses abandonados nos hospitais, mesmo depois da alta hospitalar.
Algumas soluções sugeridas pela Claudia:
- Temos que trabalhar todos juntos. Pensar o que a gente pode fazer e como pode ajudar. Adotar uma ILPI- Instituição de Longa Permanência.
- Recolher alimentos não perecíveis e doar para uma instituição, dentre outras iniciativas.
PROGRAMA SÃO PAULO AMIGO DO IDOSO – O que é:
“Programa de fomento e articulação de políticas públicas voltadas à garantia de direitos da pessoa idosa e à promoção do envelhecimento ativo, conforme os 4 (quatro) pilares estratégicos preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): Participação, Saúde, Proteção e Educação”.
Além da coordenação do Programa, a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo atua em quatro frentes:
- Cofinanciamento de obras dos equipamentos socioassistenciais: Centro-dia e Centros de Convivência.
- Selo Paulista da Longevidade
- Projeto Longevidade.
Para saber mais, acesse: https://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/assistencia-social/sao-paulo-amigo-do-idoso/
Doação para o Imposto de Renda
- Doações de parte do imposto de renda devido para o Fundo do Idoso – é também uma forma de ajudar: todas as pessoas físicas e pessoas jurídicas podem doar parte do imposto de renda devido para o fundo estadual do idoso ou para o fundo municipal do idoso.
- Se você quiser saber mais sobre as regras de doação ao Fundo do Idoso acesse: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-idosa/cartilhaFundoAtualizada.pdf
Dicas importantes da Claudia para termos uma vida mais leve e significativa:
- Tente não levar as coisas tão a sério e se ajustar enquanto você ainda é mais jovem.
- É muito chato ter uma pessoa ao seu redor que reclama o tempo todo. Envelheça com bom humor e serenidade.
- Preste atenção em como você é e trata as pessoas, inclusive as mais velhas.
Assista a entrevista com a Claudia Fló:
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Um abraço,
Estilo 5.0+
Fontes:
https://sbgg.org.br/dia-mundial-de-conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa-3/
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-idosa/cartilhaFundoAtualizada.pdf
https://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/assistencia-social/sao-paulo-amigo-do-idoso/
Vídeo:
Campanha Junho Violeta – Respeito a todas as fases da vida- Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – 01:05