Nunca antes se falou tanto sobre diversidade, equidade e inclusão, seja por conta da pandemia da Covid, onde ficou escancarada a imprudência do ser humano com a natureza, a desigualdade social e a discriminação contínua contra a mulher ou outros movimentos como o Black Lives Matter, frente à violência contra os negros, preconceitos de raça, etnia e gênero, o etarismo, nacionalidade, religião, deficiência, orientação sexual, e aparência física.
Para saber mais sobre tema tão relevante, Cintia Ruggiero, fundadora da Estilo 5.0+, convidou a Luci Ferreira que vai nos brindar com seu vasto conhecimento.
Vamos saber mais sobre ela?
Lucimara Ferreira é especialista e palestrante nos temas de Diversidade, Equidade e Inclusão. Membro do Grupo Mulheres do Brasil há mais de 5 anos, atuando em diversos comitês.
Cursou a Universidade Mackenzie, concluiu dois MBAs em Finanças pelo Insper e cursou o Mestrado em Empoderamento Feminino pelo Mackenzie.
É mãe, ciclista & yogui amadora, amante do que faz bem ao corpo e a alma.
Trabalhou no mercado financeiro por mais de 30 em grandes Instituições europeias como o Lloyds Bank, o ABN Amro e o BNP Paribas onde esteve responsável pela Área de Diversidade e Inclusão até 2021.
A paixão pelos temas de diversidade e inclusão.
Luci é de uma família com 5 irmãos homens, o que já lhe dava a noção de desigualdade dentro de casa.
No mercado financeiro, as pirâmides de poder classicamente demonstravam em seus topos homens brancos de ternos escuros. Embaixo na base desta mesma pirâmide, 59 a 62% de mulheres.
Quando se tornou Premie Executiva do Lloyds Bank, dentre 2000 candidatos passaram 12, sendo 10 homens e 2 mulheres.
Depois de alguns anos, em 2003, no ABN Amro Bank teve a iniciativa de montar um grupo de mulheres, autorizado pelo então presidente do Banco, Fábio Barbosa, por quem Luci nutri uma admiração profunda. De 2003 a 2011 realizou um trabalho incrível com a criação do primeiro lactário no Banco, influenciado pelos modelos existentes nos países escandinavos, espelho da Luci para igualdade de gênero. Ela adaptou e tropicalizou. Para que as mulheres pudessem ser promovidas, acolher seus filhos e receber o mesmo salário que os homens, no caso de terem o mesmo trabalho, com as mesmas responsabilidades.
Em 2013, quando chegou no BNP já havia ocupado vários cargos de senioridade no mercado financeiro e também um histórico de ações ligadas as mulheres. E começou um movimento por lá também. Tudo que tinha de experiência no ABN implementou no BNP e foi criado um grupo de mulheres incrível, o MixCity onde foi presidente, iniciativa que o BNP mantém até hoje.
Em 2015 Luci assumiu o cargo de Head de Diversidade e Inclusão do banco e foi responsável pela área até 2021. Toda esta vivência e experiência em diversidade e inclusão, tornaram estes temas, seu propósito de vida hoje.
O Grupo Mulheres do Brasil
O Grupo Mulheres do Brasil foi criado em 2013 por 40 mulheres de diferentes segmentos com o intuito de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país. É presidido pela empresária Luiza Helena Trajano fundadora deste grupo e tem mais de 98 mil participantes no Brasil e no exterior.
Luci comenta que ficou sabendo sobre o Grupo Mulheres do Brasil logo após a sua fundação e logo se engajou em vários comitês. Ela ressalta que a Luiza Trajano, é uma inspiração para todas as participantes. Incansável,, sempre muito atenta, envolvida nos mais de mais de 14 comitês.
Hoje Luci participa do Comitê 80 em 8 que tem por objetivo reduzir as desigualdades entre homens e mulheres no mundo corporativo, aumentando a participação das mulheres nos altos cargos de direção das empresas, incluindo seus Conselhos de Administração, para que as mulheres participem da tomada de decisões estratégicas e possam colaborar com a sua visão sobre investimentos e negócios.
Ela explica que o Comitê também se propõe a implementar ações para reduzir para 8 anos a ascensão das mulheres nas empresas que, se tudo permanecer como está, levará 80 anos, segundo várias pesquisas. Um exemplo: sempre que é identificada alguma ação de divulgação nas mídias sobre eventos com especialistas somente ou com predominância de homens, este Comitê faz contato para alertar a empresa que está coordenando o evento, sobre o a importância da diversidade e oferecer a indicação de especialistas mulheres.
Luci está iniciando sua participação em outro comitê, o Mulheres na Política por mais mulheres participando na política brasileira.
A diversidade e igualdade sob a ótica de diferentes gerações
Cintia e Luci ressaltam que as gerações mais jovens têm uma postura mais ativa e pragmática com relação a diversidade e igualdade enquanto muitos da geração babyboomers ainda são mais condescendente com estas questões.
Luci salienta que diversidade é respeitar alguém que pensa diferente de você, que em diversidade, brincadeira é quando todo mundo ri. Se ninguém sai magoado, então é divertido. Também da trabalho, porque precisamos estudar a respeito.
Importante estar atento e aberto porque na diversidade geracional existe efetivamente uma troca de aprendizados.
A linguagem inclusiva, por exemplo, exige conhecimento. Palavras e frases podem fazer toda a diferença quando se fala de diversidade e inclusão. Alguns exemplos: criado mudo, dia de branco, que eram usadas normalmente e até sem uma segunda intenção, podem eventualmente causar desconforto hoje, dependendo da audiência e contexto. Outros exemplos: ao invés de dizer “posso falar com o gerente, com o professor, na linguagem inclusiva, poderia ser algo como “posso falar com a pessoa responsável…” tirando o gênero da pessoa.
E as novas gerações trazem muito deste novo momento.
Empoderamento das Mulheres 50+
Luci comenta como o estudo liberta. Quando saímos do eixo São Paulo-Rio e vai para outros estados do Brasil a situação é bem diferente e complicada.
Ela traz alguns índices: 17% da população brasileira concluíram o ensino superior, 4% o mestrado e 2% o doutorado, que pode variar de acordo com a fonte. O percentual é bem inferior à média dos países que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 44%. Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice está na casa dos 49%.
Para exemplificar Luci comentou que enquanto no aplicativo Uber que tem foco nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, 40% dos motoristas são mulheres, enquanto o 99 que atende principalmente o Norte e Nordeste, apenas 6% são mulheres e a principal razão apontada pro eles foi a falta de alfabetização. Ainda hoje nestas regiões, as meninas precisam ajudar as mães em casa e não conseguem ir para a escola, enquanto os meninos podem.
A luta pelo empoderamento feminino ainda continua muito grande. Para as Mulheres 50+ que estão no eixo São Paulo-Rio ela salienta que existe o privilégio, mas saindo deste eixo e quando se analisa mulheres pardas e negras a luta é mais desafiadora. Ela exemplifica que se colocarmos numa pirâmide, a ordem seria: no topo, homens brancos, mulheres brancas, homens pardos e negros e mulheres pardas e negras.
A importância da prática esportiva e a paixão pelo ciclismo
Luci sempre foi esportista principalmente pelo conhecimento da importância da atividade física para a saúde e bem-estar.
Quando nasceu seu primeiro filho queria dar o exemplo e começou a correr. Fez meia maratona, São Silvestre, e várias corridas, mas o joelho começou a se desgastar. Luci ama corrida, mas percebeu que precisava se cuidar para não ter problemas. E resolveu mudar de atividade física.
Após visitar vários médicos alguém sugeriu fazer ciclismo. Mesmo com certo receito inicialmente, em 2019, aos 54 anos, ela pegou a velha bike e conheceu a Lulu Five Turismo, onde encontrou a Gisele Gasparotto, fundadora da Lulu Five. O grupo hoje tem 170 ciclistas, de todas as idades e todos os medos.
Na opinião de Luci, o empoderamento que a bicicleta traz é incrível, a pessoa vai se encontrando cada vez mais e ressalta: “O grande presente de ser ciclista e ser Lulufive são as amigas. Sair por aí com o sol na cabeça, pedalando com o vento na cara é absolutamente incrível. Não há dinheiro que pague.” Luci repassa o conhecimento que recebeu da Gisele: não tenha medo de pedalar.
O ciclismo para ela é realmente um encontro de alma.
Oportunidade para empreender na área de diversidade e inclusão.
Luci explica que a luta pela diversidade e inclusão é muito grande, mas podemos olhar em volta e fazer o nosso melhor. Questionar qual a diversidade que permeia a minha vida? Como acolho essas pessoas? No caso de empresa, olhar a sua equipe, começar pequeno.
Ela também diz que o tema não é novo, a partir de 2007, surgiu como como sustentabilidade. Depois mudaram os nomes e agora faz parte do ESG–Environmental, Social and Governance ou em português ASG-Ambiental, Social e Governança das empresas.
Luci afirma que sim, existem muitas oportunidades. Vamos entender um pouco mais:
- G do S. Governança do social – a diversidade de pessoas do nosso dia a dia. Quantas pessoas há na empresa? De que sexo e idade? A empresa tem estrutura para receber pessoas como limitações como cadeirantes? Banheiros unissex? Tenho no RH licença maternidade para casal do mesmo sexo?
- G do E. Environmental (ambiental) Você recicla o seu lixo? Você gasta muita energia? Você compra produtos sustentáveis?
Há muitas oportunidades. Todos querem um planeta melhor. É todo mundo parte do mesmo planeta. Não dá para jogar fora, dá para transformar. As oportunidades estão em todos os lados.
“Cada um tem que fazer a sua parte porque todos irão sofrer.”
Dica da Luci: às vezes cansa. A vida às vezes cansa, a luta às vezes cansa. Quando você cansar, não desista, descansa. Pega seu tempo e descansa. Fica com você mesmo. Recupera a sua energia e volta de onde você parou.
Dica para as Mulheres 50+ que passaram por todos os tipos de preconceitos nesta vida. E estamos aqui. E há muito o que lutar.
E os homens são muito bem-vindos para todas as conversas. É um todo junto. Chama de HeForShe, um movimento global.
Contatos da Luci Ferreira caso queira saber mais sobre ela:
Instagram: @luci_ferreiraa
Linkedin: Lucimara (Luci) Ferreira
E-mail: lucimara@assessorlux.com.br
Assista a entrevista da Luci Ferreira na íntegra: Acesse:
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