Segundo Fernando Sabino, escritor, jornalista e editor brasileiro, “A gente sofre muito: o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofrimento”.
Mas quando as nossas dores se tornam avassaladoras nos impedindo de ver através do seu aprendizado e da oportunidade de transformação que poderão nos trazer?
Em matéria muito sensível publicada na Revista Vida Simples, edição de julho/2024, o texto chama para uma realidade que nem sempre estamos preparados para vivenciar: “Sentir dores é inevitável”.
“As dores, afinal, atravessam a nossa experiência humana de modo inescapável.” Ou como escreve a própria Clarice Lispector no livro Água Viva: “Dor é vida exacerbada”.
“Se ninguém vive sem sofrer, então, a pergunta que fica é: Como lidar melhor com as dores que nos afligem? Como transformá-las e seguir em frente?”
A fim de compreender esse algo nosso que é tão humano, a editora conversou com várias mulheres para ampliar o entendimento de que estamos nesse mundo para aprender e evoluir justamente por meio do que fazemos com o que sentimos.
Uma das entrevistadas, foi a nutricionista e terapeuta Ana Fanelli que perdeu um filho ainda jovem, para uma doença sem cura.
“Não consegui aceitar a dimensão da gravidade, mas não tinha o que fazer, a não ser cuidar dos sintomas”, conta Ana. Segundo os médicos, havia uma expectativa de um a três anos de vida. Ele viveu mais 13, vindo a falecer aos 25 anos”.
“Quando coisas ruins acontecem com pessoas boas”
Quando o rabino Harold S. Kushner perdeu o filho, Aron, de 14 anos, diagnosticado com uma condição rara e fatal, sentiu a necessidade de oferecer palavras de conforto às pessoas que já se questionaram como o “Todo-Poderoso”, tão justo e cheio de compaixão, pode permitir que o mal exista no mundo e se abata mesmo sobre indivíduos de bom coração.
A partir da perda, Harold decidiu escrever o livro “Quando coisas ruins acontecem com pessoas boas” que aborda alguns dos maiores questionamentos sobre a relação de Deus com o mal, o sofrimento e as tragédias que assolam o mundo, e, mostra, da perspectiva de um pai enlutado, que ainda é possível encontrar sentido na vida e confiança no Divino.
Ambos jovens eram solícitos e conquistavam a simpatia de todas as pessoas, fazendo-se amados e tornando sua partida ainda mais sentida.
Nem Ana, nem o Rabino, nem tantos outros pais e mães que sofreram o mesmo tipo de perda quando o ciclo da vida se inverte, estavam preparados para dar conta dessa dor.
E cada um reage de uma forma. Alguns se entregam ao trabalho, outros a profunda depressão e outros a ajudar semelhantes que passaram pela mesma situação.
A saída do labirinto das dores
A matéria da Revista Vida Simples nos mostra que “uma hora a dor chegará, estejamos distraídos ou vigilantes. Não há como dissociá-la do fato de estarmos vivos e expostos ao imponderável. Por um tempo, que foge ao controle, a mente e as emoções ficarão submersas numa bolha de tristeza e pesar”.
“Sozinha é muito difícil, mas com ajuda profissional é mais fácil superar as dificuldades”, atesta a médica e psicoterapeuta Cristiane Marino, entrevistada na mesma matéria.
Cristiane explica que, em situações de dores profundas, mas também nas menores e mais corriqueiras, há três papéis com os quais a gente acaba se identificando: o de vítima, agressor ou salvador. “Buscamos culpados e justificativas externas, adotamos uma postura agressiva contra o outro ou queremos salvar tudo e todos. Em nenhuma das três posições assumimos o nosso lugar no mundo”.
“Por mais difíceis que sejam as condições externas, a gente escolhe como quer enfrentar as situações”, diz Cristiane.
Alguns passos para a transformação da Dor em energia
- A Dor como Mestra: Em vez de ver a dor como um fardo, encare-a como mestra. Cada experiência dolorosa nos ensina algo sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre as relações humanas.
- Autoconhecimento: Dedique tempo para se conversar consigo mesma, se conhecer melhor. Explore seus pensamentos, sentimentos e crenças. O registro num diário pode ser uma ferramenta poderosa para esse processo.
- Aceitação: Aceite que a dor faz parte da vida. Não tente evitar ou negar. A aceitação é o primeiro passo para aliviar a dor.
- Perdoar: Perdoe a si mesma e aos outros. O perdão libera um peso enorme e permite que você siga em frente. E redime da culpa.
- Gratidão: Cultive a gratidão pelas experiências vividas, mesmo as dolorosas. A gratidão muda a perspectiva e atrai mais positividade.
- Novos Começos: Utilize a energia liberada pela dor para dar início a novos projetos, aprender novas habilidades ou cultivar novas relações, novos grupos, novas experiências.
- Apoio: Busque apoio de amigos, familiares ou um profissional de saúde mental. Compartilhar suas experiências pode ser muito libertador. Cerque-se de pessoas que gostem de você.
- A Força da Resiliência: as mulheres maduras são conhecidas por sua resiliência desenvolvida ao longo da vida. A capacidade de superar desafios e transformar adversidades em oportunidade, transformar suas dores em energia, fortalece a resiliência e se torna uma fonte de inspiração para outras mulheres.
- Cuide do seu corpo: Ouça o seu corpo. Durma quando tiver sono. Descanse quando o corpo pedir. Alimente-se bem, beba mais água, pratique atividades físicas, aprenda a relaxar.
- Cuide da sua mente: Medite, faça yoga, atividades manuais, cuide do jardim, ou pratique algo que promova o bem-estar mental.
- Conecte-se com a natureza: Passe mais tempo ao ar livre observando a natureza e fazendo longas caminhadas.
A jornada de transformação é única para cada pessoa. Seja paciente consigo mesma e celebre cada pequena vitória. A dor, a perda, seja de um ente querido ou da sua saúde, podem ser o ponto de partida para uma fase nova e mais feliz da sua vida. Você é mais forte do que imagina!
Sugestão de livros:
Quando coisas ruins acontecem com pessoas boas – por Harold S. Kushner
R$ 39,90 (Agosto 2024)
Abandonar o papel de vítima: Viva sua própria vida- por Verena Kast
R$ 49,88 (agosto/2024)
Se quiser saber mais sobre esse e outros temas para as Mulheres 50+ interessadas, conectadas e curiosas:
- inscreva-se no nosso Canal do Youtube, dê um like e ative o sininho para receber as notificações de novos vídeos!
- continue acompanhando o nosso site
- siga nossas páginas no Instagram e Facebook.
Um abraço!
Estilo 5.0+
Fontes:
https://vidasimples.co/saude-e-bem-estar/transforme-suas-dores/#algumas-dores-sao-intraduziveis
Livro: “Quando coisas ruins acontecem com pessoas boas” – Harold S. Kushner