A dança do ventre tem sua origem provavelmente no Antigo Egito. Em todo o mundo, essa dança é muito associada à cultura árabe e teria chegado ao Brasil em 1880 quando o país recebeu uma grande quantidade de imigrantes árabes que passaram a morar em São Paulo.
Muitas pessoas ainda associam a dança do ventre somente à sensualidade e conquista, mas vamos aprender que, na verdade, é uma dança de autoconhecimento, de harmonia, de equilíbrio e muito mais!
Para isso, Cintia Yamamoto, fundadora da Estilo 5.0+ convidou Shalimar Mattar, filha da Mestra Samira, precursora da dança oriental árabe no Brasil. Ela vai nos contar sobre a importância para nós mulheres, da dança do feminino.
Vamos conhece-la:
Shalimar Mattar é professora, coreógrafa e bailarina de dança do ventre há mais de 30 anos. Mentora, Palestrante e Criadora dos Métodos “Circle Dance” e “Medita e Dança”. Autora do livro Círculo Mulher.
Dirige o “Mercado Persa Brasil”, um dos maiores Congressos internacionais de dança, arte e cultura árabe do mundo
Entendendo o real significado da dança do ventre ou do feminino
Shalimar nos conta que sua mãe sempre sonhou em dançar, mas quando era criança queria fazer balé e a família não permitiu. Quando ela se casou, também não pode dançar porque a família do marido era de árabes e não permitia.
Somente depois de adulta, com quase 40 anos, sua mãe realizou o seu sonho e foi uma das primeiras dançarinas adultas do Brasil em dança oriental árabe.
Mas quando Shalimar era criança, com apenas 3 anos de idade, sua mãe a colocou no balé. Shalimar estudou vários estilos de dança, balé, jazz, até se render à dança do feminino, como ela se refere a dança do ventre.
Existe um olhar sobre a dança do ventre, da maioria das pessoas, no mundo todo que, segundo Shalimar, não condiz com tudo que ela compreende. Para ela, é a dança do autoconhecimento, do feminino, do sagrado feminino, do se conhecer. É a dança do equilíbrio e da harmonia integral do ser.
“Mas, infelizmente, ainda hoje existe um olhar sobre a dança como sendo uma dança voltada somente para a sensualidade, uma dança de conquista, com uma intenção de sedução. Essa é uma ideia muito antiquada, que vem de tempos antigos e que ficou. Um estigma que ficou marcado na dança do ventre. É uma pena isso. Porque é uma dança que nos traz tanta coisa positiva. É a dança da liberdade.”, reforça Shalimar
Ela também comenta que percebeu que mesmo entre os bailarinos de outros estilos havia esse preconceito. No ambiente da arte, percebeu que a dança do ventre era só para diversão, como se fosse uma dança sem técnica nenhuma.
E quanto mais ela foi estudando a respeito dessa dança e amadurecendo, aprendeu que é uma dança de libertação, que valoriza muito a essência pessoal, o autoconhecimento e por isso foi sendo seduzida por ela.
A dança do ventre é autoconhecimento, para equilibrar o corpo, a mente e a parte energética e espiritual e, como em todos os tipos de danças, há várias ramificações: a área técnica, a área terapêutica e a área ritualística.
Shalimar estudou e se aprofundou em todas as ramificações. Mas procura sempre direcionar seus cursos. Ela tem sempre cursos técnicos para quem quer se especializar na dança, mas nunca abre mão desses cursos ritualísticos e do sagrado feminino que é, na sua opinião, o que faz a diferença na vida e o que quer transmitir para as pessoas.
A importância da força da arte para as Mulheres
Shalimar comenta que muitas mulheres ao longo da vida acabam se perdendo porque tem muitas coisas para administrar na vida e ela acredita que a arte, qualquer arte, pode ajudar a mulher a se encontrar ou reencontrar com ela mesma.
Shalimar acredita que todas as pessoas têm algum veio artístico, seja para a música, o canto, a dança, o desenho ou alguma coisa manual. Mas também acredita que, infelizmente, isso não é valorizado na cultura ocidental.
É como se fosse algo secundário, sem importância. Ela comenta que só 5% dos artistas vivem da arte. Quando alguém pergunta para Shalimar o que ela faz e ela responde que é professora de dança, as pessoas insistem na pergunta como se a primeira resposta fosse seu hobby, algo para se divertir, não uma profissão.
Shalimar explica que o evento Mercado Persa dirigido por ela e realizado em São Paulo, é um dos maiores e mais organizados do mundo e do setor artístico. Todas as pessoas se mobilizam em torno de algo. É maravilhoso e transformador. É algo que conquistamos com essa vontade de estar todas juntas, com algo em comum. E felizmente essas mulheres que estão ali descobriram que elas podem desenvolver essa dança, essa arte e que através dos movimentos corporais das aulas podem descobrir muitas coisas a respeito de si mesmas.
E isso é algo que transforma especialmente as mulheres na fase adulta. Quando você cresce com a arte, com a dança, você nem se dá conta disso. E a dança oriental é uma dança da maturidade, do feminino.
Quanto mais se vive mais se entende isso. A arte traz prazer para a vida da mulher. Não só na sala de aula. Mas para a sua vida. É algo que vai ajudá-la nos seus momentos bons, nos momentos difíceis e nos momentos desafiadores.
É assim com a música, com um instrumento, um desenho, mas infelizmente, como não há incentivo, muitas pessoas passam a vida sem descobrir essa alegria, o que é uma pena. “E a minha função é transmitir esse conhecimento para o maior número de mulheres que eu puder, principalmente na fase adulta. É algo transformador. É algo maravilhoso. Um desabrochar!”, declara Shalimar
A dança do ventre pode ajudar no processo do envelhecimento e evitar a depressão, especialmente na menopausa
Shalimar explica que leu um estudo sobre uma região da África, onde a maturidade é valorizada, assim como a sabedoria e o conhecimento e que nessas regiões as mulheres praticamente não têm nenhum problema com sintomas de menopausa. Acredita-se que muito dos sintomas desagradáveis que as mulheres sentem nesse período, se deve ao fato da carga recebida culturalmente de que a mulher entrou na menopausa e não serve mais para nada. Já perdeu tudo, a capacidade dela de criar, de compartilhar, de ensinar, enfim tudo.
A dança, principalmente a dança do ventre, é capaz de fazer com que a mulher compreenda todo o seu potencial, mesmo na maturidade, porque traz a confiança, uma segurança, um domínio e quando ela domina o seu próprio corpo, aprende a dançar, a se movimentar, vai trazendo um poder sobre si mesma.
Entrar em harmonia, em equilíbrio, sem ter que dar satisfação para o outro. Ela está feliz e em harmonia.
É uma dança que a mulher pode realizar em qualquer idade, mesmo com dificuldade de locomoção, até de cadeira de rodas. A dança trabalha da ponta do pé até os cabelos, é muito rica, com muitas possibilidades e estilos.
E há muitas opções de vestimentas. Você não é obrigada a usar collant ou um top. Pode se cobrir se quiser, dentro do seu estilo pessoal. E ela não exige nada muito difícil. Pode começar na maturidade, a qualquer momento. Isso faz com que a mulher vá ganhando confiança e felicidade. Pode dançar para si mesma, não precisa dançar para o outro. É uma dança que é dedicada a ela mesma.
Isso faz com a mulher se sinta mais forte, mais poderosa no melhor sentido. Trabalha a questão da feminilidade. O feminino é suavidade que pode ser forte, pode ter energia. O feminino tem flexibilidade, é intuitivo e criativo.
E o ambiente da dança favorece, fortalece e une as pessoas. Aparta essa questão da depressão. As mulheres se arrumam, trocam informações e geram coisas positivas. Shalimar complementa dizendo: “Imagina uma mulher que começa a dançar com 50 e poucos anos e vai se apresentar e se vê ali diante de um público com mais de 600 pessoas aplaudindo, é fantástico, maravilhoso mesmo.”
Mercado Persa, um dos maiores eventos de dança árabe do mundo
Shalimar comenta que o Mercado Persa começou há 28 anos atrás com a sua mãe que teve a ideia de reunir várias mulheres que dançavam e um mercadinho de trocas. Elas trocavam coisas com as suas amigas e dançavam.
O primeiro evento contou com 200 pessoas e hoje tem mais de 8.000. É o maior evento de dança árabe do mundo. Nem nos países árabes há um evento nesse formato e com essa magnitude. São cerca de 800 apresentações de dança que acontecem num fim de semana, em palcos simultâneos.
É um evento que tem uma importância muito grande, não só no cenário artístico, mas também do ponto de vista comercial. Há uma feira onde há os prestadores de serviços, a feira esotérica, a feira de figurinos, bijuterias, acessórios, aromaterapia, pessoas no evento que querem comercializar seus produtos e também as pessoas que passam o ano trabalhando e fazendo figurinos, coleções e desfiles.
É um dos maiores eventos para o público feminino do estado, 75% de mulheres. São mulheres que movimentam o evento, femininas, vaidosas e poderosas.
Mulheres de diversas faixas etárias, desde crianças até senhoras, pessoas de vários lugares do Brasil e do exterior, com diversas atividades: donas de casa, profissionais liberais, médicas, advogadas, etc. Todas unidas em torno da arte.
Mas ainda há o preconceito com a dança do ventre, destaca Shalimar. Afinal, um evento dessa proporção ainda não conta com nenhum patrocínio. Seja de uma empresa de maquiagem, de autocuidado ou de qualquer outro produto ou serviço para o feminino num espaço perfeito para fazer venda e divulgação de produtos para mulheres.
O evento vive dele mesmo. É assim que o evento acontece. Um evento artístico dessa grandeza e sem patrocínio. Por outro lado, isso mostra o poder da união das mulheres, do que são capazes de realizar juntas. Quando as mulheres se unem podem realizar coisas maravilhosas, complementa Shalimar.
Shalimar comenta que chegar a realizar o Mercado Persa no WTC no Brooklin, um espaço só para eventos corporativos, não foi fácil. E todos adoram comenta Shalimar. “O evento já está lá há 10 anos. Fomos recebidos de forma muito carinhosa. O lugar abraçou a gente. No início acharam um evento diferente, de arte, mas quando o evento acontece todo mundo quer vir trabalhar no final de semana”.
O livro Círculo Mulher – o feminino e como a dança pode ajudar as Mulheres
Shalimar explica que esse livro fala do feminino, fala um pouco sobre o surgimento da dança e como foi passando de geração em geração até os dias de hoje. Ajuda muito a gente a entender os preconceitos e dificuldades que as mulheres enfrentaram e enfrentam até hoje e de que forma a dança do feminino pode nos auxiliar nesse caminho.
O objetivo desse livro “Círculo Mulher” e de um outro que Shalimar está redigindo é sempre o de levar seu conhecimento para que possa contribuir com tantas outras mulheres que estão sozinhas e em tantos lugares.
Para adquirir o livro “Círculo Mulher “ acesse o Instagram @shalimarmattar e envie uma mensagem para a Shalimar Mattar.
Dicas para as mulheres 50+ que gostariam de conhecer um pouco mais sobre a dança do ventre
Shalimar responde: “Olha gente, tem que se jogar, se permitir. Fazer uma aula experimental, pesquisar, descobrir um professor que tenha um estilo de aula que vá ao encontro do que você busca.
Se vc quer só uma atividade física para queimar calorias ok, se você quer melhorar uma atividade cardiovascular, ok. Se você quer se soltar e trabalhar o seu autoconhecimento, tudo bem. Cada professor vai dirigir a aula de uma forma.
Procure se informar se aquela aula vai de encontro ao que você está procurando. Se joga. Experimenta. Coloca uma música em casa e sai dançando. As pessoas têm muito medo de dançar.”
Ela diz que todo mundo canta na rua, todo mundo toca. Em todos os lugares onde ela está, dança publicamente e posta no instagram. Se está no aeroporto, posta no Instagram. Se está na Paulista, idem. Não precisa ter vergonha de mostrar o seu corpo. Se solta. A gente precisa relaxar. Quanto mais você relaxa o seu corpo, melhor você fica.
A linguagem corporal é assim: você está triste, o seu corpo também está. Se o seu corpo está numa postura rígida e fechada, a sua mente vai ficar assim também. Quanto mais você soltar o seu corpo, mais a sua mente vai se soltar também.
Contato: Para mais informações acesse: Instagram @shalimarmattar.
Saiba mais sobre o Mercado Persa acessando o site: http://mercadopersa.com.br/historico.html
Assista o bate papo completo com Shalimar Mattar na íntegra:
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Time Estilo 5.0+