“É empolgante e desafiador quando uma pessoa 50+ decide ressignificar a vida com algo diferente, como empreender, por exemplo. Um desejo ou até mesmo uma necessidade que pode trazer dúvidas, ansiedade, noites de insônia e medo. As mulheres, em particular, são as que, normalmente, mais têm vivenciado esses transtornos. ”
Análise de Angélica Samarco, psicóloga clínica há 26 anos. Angélica comenta também sobre a importância das habilidades comportamentais ou “Soft Skills”, como são chamadas no meio empresarial, para reflexão das 50+ que estão empreendendo ou pensando em empreender.
Empreendedorismo feminino, vontade ou necessidade?
Segundo matéria da meio&mensagem, uma pesquisa de 2019 da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Sebrae, identificou 2,5 milhões de pessoas empreendedoras no Brasil que começaram seu próprio negócio com 55 anos ou mais. Outra pesquisa sobre “Empreendedores 50+, o futuro do Brasil”, de 2022, da consultoria Empreendabilidade, diz que a população com mais de 55 anos representa 30,7% do total de empreendedores no Brasil.
Nesta mesma matéria, Ana Fontes, fundadora e CEO da RME-Rede Mulher Empreendedora explica que empreender para as pessoas Maduras “tem mais a ver com a vontade de continuar na ativa e saber que isso não vai acontecer nas empresas tradicionais, gerando renda para si e para a família, e fazendo algo que faça sentido.”
A necessidade de manter ganhos financeiros é uma realidade para a maior parte da população. A pesquisa Elas 45+ – Movimentos etários, da consultoria Eixo, afirma que 63% das mulheres com mais de 45 anos são provedoras de suas famílias, sendo que pelo menos 40% são a única fonte de renda.
Soma-se a esta realidade, o ambiente corporativo que ainda é predominantemente masculino, branco e jovem, que cria uma realidade ainda mais difícil para as mulheres maduras. Neste contexto, empreender é uma saída.
A boa notícia é que segundo a pesquisa “Empreendedores 50+, o futuro do Brasil”, de 2022, da consultoria Empreendabilidade, os profissionais acima de 50 anos têm mais chances de sucesso na abertura de um negócio. Afinal estas empreendedoras tem experiência e vivenciam os problemas para os quais podem achar soluções numa economia que movimenta 1,6 trilhão de reais por ano no Brasil.
Para quem está pensando em empreender ou já está empreendendo, Ana Fontes sugere: “Não foi fácil. Eu não sabia de nada. É muito importante que essas pessoas se conectem com uma rede de outros empreendedores…Cerca de 70% dos trabalhos hoje são gerados em pequenos negócios, então a Economia Prateada é também uma possibilidade de melhora nas condições de vida de toda a sociedade”
Fatores importantes para o Empreendedorismo Feminino na maturidade
Autoconhecimento e autoestima – segundo a psicóloga clínica Angélica Samarco, o processo de autoconhecimento e desenvolvimento da autoestima, são fatores fundamentais para que a pessoa encontre a harmonia entre o querer, poder e realizar.
Segundo a Pesquisa Beleza Pura 2019, as mulheres 50+ precisam lidar com as mudanças no corpo físico, o corpo dói, dificuldade em se adaptar às evoluções tecnológicas, exclusão no mercado do trabalho e insegurança financeira, solidão (quando existe a separação e saída dos filhos), e a sensação de invisibilidade social.
Quando falamos de Empreendedorismo Feminino, segundo a Aladas, a maior parte destas mulheres têm mais dificuldade de conseguir investimentos para os projetos, de lidar com os erros, de navegar neste ambiente dominantemente masculino e ainda colocam um nível de exigência sobre si mesmas, no qual nunca se sentem suficientemente preparadas para os desafios.
Angélica explica que nós, os 50+, consciente ou inconscientemente, nos deparamos com uma nova etapa.
E nos perguntamos: quais oportunidades de novas possibilidades? Empreender aos 50+, vale a indagação e o mergulho para dentro de si e perguntar:
- Para quê? É uma busca de desvendar-se? De possibilitar-se? Experimentar facetas? Novos saberes?
- Ou, se está simplesmente seguindo um padrão antigo de crenças, de “eu devo ainda…”, “eu tinha que”… “eu devia ter sido capaz”… “Ter estudado” …. ”ter trabalhado”.
- É um provar “algo” para alguém ou para si mesmo? É uma necessidade financeira?
“É com esse exercício interno, reavaliando as crenças e valores, objetivando “esse desejo”, que se fortalece a possibilidade de encontrar os próprios recursos, tais como, potenciais, formação, habilidades, experiências, uma determinada visão, com quem contar, até mesmo, quais caminhos percorrer.
Tudo isso, permitirá atuar no mercado com confiança e segurança. Com certeza, a sensação de ser produtiva e compensada é um belo estado de” estar na vida””, complementa Angélica.
Se o Empreendedorismo exige habilidades historicamente masculinas como coragem, resolução de problemas, lidar com tentativas e erros, precisa também de habilidades caracteristicamente femininas como empatia, acolhimento, conciliação e flexibilidade.
Bete Marin, cofundadora da MV Marketing e Hype 50+ destaca ainda a importância de buscar inspiração em casos de sucessos, participar de eventos, encontros, fazer cursos e se associar a plataformas e redes de relacionamentos com outras Empreendedoras.
A boa notícia é que todas as questões abordadas neste Post podem ser trabalhadas:
- As mudanças do corpo com a evolução da medicina e o apoio de médicos especialistas.
- As aptidões e competências técnicas, através de cursos, leituras, treinamentos e conversas com outros profissionais.
- As habilidades comportamentais com leituras, cursos, e o apoio de profissionais qualificados.
Portanto, prepare-se e vá atrás dos seus projetos e sonhos!
Desejamos que você viva a longevidade plena, feliz e realizada!
Sugerimos aqui algumas empresas que podem auxiliar em vários aspectos do empreendedorismo feminino:
- Maturi – plataforma focada no público 50+ com temas sobre empreendedorismo, desenvolvimento pessoal, capacitação profissional, networking e oportunidades de trabalho. Acesse www.maturi.com.br e @soumaturi no Instagram.
- Sebrae – possui conteúdos específicos para mulheres empreendedoras. Acesse https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/empreendedorismofeminino/
Vídeo Sebrae:Venha provocar a mudança com o Sebrae Delas.- Sebrae – 0:30
- Rede Mulher Empreendedora – apoia as mulheres empreendedoras, oferecendo capacitações, mentorias, eventos e cursos. Acesse: https://rme.net.br/
- 17 iniciativas que promovem e apoiam a jornada de mulheres empreendedoras. Acesse:https://www.weimpact.tech/blog-iniciativas-mulheres-empreendedoras/
- Panorama sobre a liderança feminina nas corporações, no empreendedorismo e na tecnologia: https://www.weimpact.tech/blog-panorama-lideranca-feminina/
Estudos apontam um crescimento de mulheres em cargos de liderança. Porém, elas ainda enfrentam desafios ao lidar com vieses e estereótipos ligados ao gênero, falta de investimento externo ou de um plano de carreira.
Empresas com liderança feminina têm resultados até 20% melhores, de acordo com a ONU, e maior potencial de gerar lucros para seus investidores, segundo a consultoria BCG. Além disso, 52% das companhias com ao menos uma mulher em cargo de chefia pontua melhor em índices ESG-Environment, Social e Governance, fator que, junto com a diversidade, se torna cada vez mais decisivo para a avaliação dos stakeholders.
No ecossistema empreendedor, o potencial das mulheres fundadoras também chama a atenção.
Segundo um estudo do SEBRAE em parceria com a FGV, elas possuem maior capacidade de se adaptar e criar em momentos de crise: no início da pandemia de COVID-19, demonstraram muito mais rapidez e facilidade em aderir às vendas online e ofertar novos produtos e serviços de acordo com normas do isolamento social.
Nesse cenário, 11% das empreendedoras inovaram em seus negócios durante a crise sanitária, enquanto 7% dos homens não fizeram mudanças.
Quando o assunto é empreender em tecnologia, as mulheres têm menor representatividade, mas se destacam na luta pela diversidade e pela promoção de impacto positivo.
Informações da primeira edição do estudo “Female Founders Report”, realizado pelo Distrito em conjunto com a B2Mamy e a Endeavor, mostram que a liderança feminina dentro do setor pode gerar ambientes com resultados 25% melhores.
Em suma, com mulheres ocupando cargos de tomada de decisões, há um progresso tanto em grandes corporações quanto no ecossistema de startups.
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