Ao longo dos tempos, a mulher que já foi reprimida e sufocada saiu em busca de uma posição digna e relevante na sociedade, muitas vezes privilegiando o racional e o masculino, em detrimento da sua essência feminina: resiliência, sensibilidade e criatividade.
Maturidade: é chegado o momento da reconexão com a essência feminina?
Para refletir sobre isso, a fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, convidou a psicóloga Angélica Samarco.
Angélica Samarco é psicóloga clínica há 26 anos. Ela utiliza métodos que combinam várias abordagens, como o Coaching Holístico, Constelação Familiar, Análise Transacional, Gestalt Terapia e Psicossomática.
Vamos ouvir e refletir com Angélica Samarco.
O que é a reconexão com o feminino. E os benefícios que traz
Angélica explica que a reconexão com o feminino é a busca dessa harmonia com aquilo que é intrínseco ao feminino. Sair um pouco dessa sua mente e se conectar com corpo, com a espiritualidade, com a nossa alma feminina.
Seria sair do ter que, de ir para o mundo, que é o nosso aspecto masculino, fazer uma reconexão, voltar para o que é mais intrínseco, mais primitivo, mais da nossa origem, que é o feminino, esclarece Angélica.
“Em termos de benefício desse resgate ou reconexão com o feminino, é o harmonizar. À medida em que harmonizo com aquilo que eu tenho, que me pertence, que é meu, com a minha essência, com certeza diminui a ansiedade. Diminui essa angústia de que tenho que estar em algum lugar, de que preciso evoluir em tal condição. Sair um pouco desse lugar porque você vai se aproximando da sua essência, dessa questão mais espiritualizada”, pondera Angélica.
A reconexão é muito positiva para as mulheres, mais harmonização e equilíbrio para a mulher.
Desde a década de 60 quando as mulheres entraram fortemente no mercado de trabalho, conquistaram muita independência e tem travado muitas outras batalhas, ela tem provado consistentemente que é muito empoderada. E o mundo masculino descobriu que essa mulher estava muito empoderada. E foi provocando a mulher para diminui-la.
“Você não tem a força que eu tenho, você não pode isso, você não pode aquilo”. Então como é que a mulher abafa essa força para que os homens possam ter vez? “Ah é, você duvida que eu não consigo? “Responde a mulher”. Então a mulher vai para esse caminho masculino para poder ser aceita nesse mundo de homens. E se distancia daquilo que é tão grandioso que é o feminino, reflete Angélica.
O sagrado feminino, o que tem a ver com a reconexão
Angélica comenta que o sagrado feminino é justamente essa energia de conexão, com aquilo que é a essência da mulher, com a sua alma, com a sua espiritualidade. É sair desse lugar mental e ir para aquilo que é mais original da mulher. É fazer parte dessa totalidade suprema.
Angélica comenta que o que vem a sua mente é essa coisa de Gaia*, terra. (* O nome feminino Gaia tem origem a partir da palavra grega γαια (gaia), que é uma palavra paralela à γη (ge), que significa ”terra”.)
A mulher recebe uma semente, ela produz, ela nutre. Ela vivencia vida e morte.
O que é sagrado é o que nós ganhamos enquanto mulher que é gerar a vida. O masculino não gera a vida, ele alimenta, mas não gera. Não tem esse poder. Ele colabora com a vida, mas não dá a vida, explica Angélica.
A reconexão é justamente isso. A mulher vem com muitas memórias em suas células. Dar um lugar para esse feminino tão essencial que por vezes acaba se esquecendo.
Por exemplo, muitas moças odeiam a menstruação e algumas até tomam remédio para não menstruar. Estão renegando o que é da natureza do feminino, pondera Angélica.
A reconexão com o feminino e nossas habilidades essenciais
Angélica comenta que quando viemos ao mundo já havia uma programação. Recebemos a história dos nossos antepassados por parte do pai e da mãe e fomos formados. Tudo já habita em nós. Não é uma coisa para se conquistar, mas muitas vezes estão adormecidas rechaçadas por nós.
Angélica destaca 3 habilidades essenciais:
- Resiliência: capacidade de estar disponível para ovular, disponível para uma futura vida. E quando não há fecundação tudo isso é jogado fora. Perda. A cada mês, há de novo a disponibilidade para esperar a vida. O quanto a mulher se adapta a isso. O quanto a mulher é resiliente e persistente.
Há homens que são resilientes. Eles aprenderam com a mãe. O que é intrínseco da mulher, mesmo que ela negue, é essa adaptabilidade, essa resiliência, essa capacidade de começar de novo.
- Criatividade: a mulher tem os seus óvulos, disponibiliza, recebe os espermatozoides e fecunda. Vai nutrir, vai gestar, vai dar a vida. Isso é criar uma vida. Isso é criatividade. As mulheres têm muita criatividade. É do feminino a criatividade, a resiliência e a intuição.
- Intuição: A mulher tem essa disponibilidade para a vida e para a morte. Aquilo está nela está pronto para gerar vida e depois jogar tudo fora. Vai para um lugar mais abstrato que é muito feminino. Essa coisa da disponibilidade. É nesse lugar que a mulher amplia a sua intuição, percepção e sensação. A mulher não olha só para o marido e o filho, mas para a sogra, o tio, a tia, os amigos, a empregada. Ela tem uma disponibilidade da intuição que é muito do feminino também. Ela amplia o foco dela, que é grandioso.
Angélica sugere que é importante que todas as mulheres visitem e respeitem essas habilidades. E reflete se nós, como mulheres maduras, vimos essas habilidades como lugar harmônico dentro de nós ou nem prestamos atenção a isso?
Bloqueios que podem impedir a reconexão com o feminino
A teoria da constelação familiar mostra a importância das figuras masculina e feminina para a nossa origem: vir de uma parte pai e de uma parte mãe. Quando a gente nasce, sente parte da mãe. É como se a mãe vivesse muito tempo dentro da gente… A mãe é a vida. E há uma ligação muito forte com ela. Uma conexão muito profunda: de alma e de espírito. E é nesse lugar que vamos observar. Como essa mãe está se relacionando com a vida, descreve Angélica.
“Como minha mãe olha para o meu pai? Questiona Angélica. Pai é o mundo. Como a minha mãe está se relacionando com o mundo? Como é que vou olhar para isso? Como a minha mãe está olhando para o meu pai? Com bons olhos? Como que vou olhar para isso? ” E aqui começam as possibilidades das nossas complicações, reflete Angélica.
Se a mulher olha para a mãe dentro da carência e da dor dela, dessa figura masculina que não a atende, ela vai fazer um caminho para suprir a mãe, tentar fazer com que o casal permaneça junto, mas diminuir a mãe para poder supri-la e protege-la. Então vai seguir um caminho mais masculino, porque também é mais legal.
Se a minha mãe é mais frágil, mais deprimida, ela irá se aproximar do masculino. O que ela fez? Ela não tomou, não assumiu o feminino. Optou pelo caminho mais masculino.
Reconexão com o feminino é dar espaço para todas essas memórias. Poder olhar para a mãe e vê-la como ela é e não como gostaria que ela fosse. O que acontece com todos nós, nessa angústia de manter família, pai e mãe, é que a mulher julga os pais o tempo todo. E é nesse momento que a gente perde o contato com a mãe e esse aspecto empoderado.
E como liberar os bloqueios?
Olhe para as 3 habilidades essenciais, sugere Angélica. Como vai a sua resiliência? A sua intuição, a sua criatividade? De que forma está usando isso? Está se empoderando? Está percebendo a habilidade para viver com mais prazer e sossego?
Sair desse lugar da ansiedade, da beleza, do poder, do dinheiro. Não é isso que empodera. É a conexão que empodera. Estar em acordo com isso.
Alguma mulher pode até pensar: “minha mãe me ensinou alguma coisa muito feia sobre o feminino”. Mas isso era o olhar da sua mãe. Reveja esse olhar hoje. E olhe de outra forma. O feminino é forte, é belo. Não é fraco.
Há um processo terapêutico para promover esse contato, essa reconexão e o autoconhecimento. Na constelação familiar, a pessoa vai olhar muito para a figura da mãe, ela olha a vida através dos olhos da mãe.
Então é importante se desconectar disso. Honrar e respeitar, se libertar e então seguir com o seu feminino.
A reconexão com o feminino é mais difícil para as Mulheres Maduras?
Angélica entende que a mulher madura tem mais possibilidades de se reconectar com o feminino porque a mulher mais jovem ainda está naquele torpor de fazer conquistas.
Se olharmos ao redor, veremos muita gente buscando a questão da espiritualidade, como as pessoas que estão indo para Índia, principalmente as acima de 50 anos. Buscam a sua conexão, a sua essência.
Afinal, o que é essa reconexão com o feminino? É eu sair mais dessa mente. Temos um corpo mental, físico e espiritual. É o momento de dar mais espaço para o espiritual. Dar espaço para o sensorial; com os 5 sentidos. E isso altera a sua relação com o mundo. Ir para esse local mais prazeroso. Reconexão é a busca do equilíbrio.
Angélica reflete: “Pertenço a minha idade, ao meu grupo, tenho o meu lugar. Do jeito que estou e do jeito que eu sou”. Entender que tudo tem um fim. Dos 0 aos 50 a mulher está empoderada, busca um mundo de conquista de sucesso. Depois dos 50 a gente aprende que tem um fim.
“E como vamos vivenciar esse fim de uma maneira prazerosa, feliz. A reconexão com o feminino é isso, fazer a reconexão com a minha essência, com o que é meu. Olhei para minha realidade, com tudo que recebi e escolho entrar nessa conexão com algo maior e mais sereno” conclui.
“Crença feminina: se eu for pelo meu feminino vou mostrar minha fragilidade” comenta Angélica. Mas, se olharmos para as senhoras mais velhas, aquelas de colarzinho de pérola, elas não estão brigando com elas. Não tem luta. “Vou ter cabelo branco e vou ter lugar. Vou estar incluída nesse mundo”. Comenta Angélica.
Aprender com o autoconhecimento “não tenho que”. Ver esse potencial que já é intrínseco. Resiliência, criatividade e intuição trazem o sucesso para a vida da mulher. Sem disputar com o masculino. Ela sabe porque tem intuição.
Um exercício para se reconectar com o feminino
A meditação é um caminho, recomenda Angélica. Sair da mente e entrar no corpo. Sair do pensar. Quando estou na mente, ou estou no passado ou estou no futuro.
Quando medito, estou no aqui e agora. É a forma de chegar mais pertinho de si mesma. Com a sua essência. Essa é a conexão com a totalidade da existência. Meditar é um bom caminho.
Para quem não consegue meditar, pode usar âncoras. Como por exemplo, pensar no pulmão enchendo e esvaziando. Ancorar em algum lugar para não pensar.
Outro ponto é começar a estudar esse corpo. Que ciclos são esses? A gente tem o ciclo da ovulação. A gente vem com um pacotinho de óvulos. Começar a olhar para os ciclos. O ciclo da menstruação, da gravidez, depois do parto e depois para o outro ciclo: o da menopausa. Como fica esse ovário, como fica esse útero.
Olhar para as perdas, mas também para os ganhos. Ganha na espiritualidade. Ganha nessa história, nessa evolução para chegar aonde chegou. Há ainda muito o que fazer! Dos 20 anos 120!
Estar em conexão com a sua essência, com o que a mulher é. E não aprisionada às crenças antigas, finaliza Angélica.
Contato da Angélica: Instagram @angelicasamarco.psicologia
Assista a entrevista com Angélica Samarco na íntegra. Acesse:
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Time Estilo 5.0+.