Terapias e autoconhecimento na maturidade

Terapias e autoconhecimento na maturidade

O autoconhecimento é um processo contínuo e importante e, em especial, na Maturidade, é muito importante para decidirmos os caminhos com sabedoria e viver a longevidade da melhor forma possível.

Para conversar com a gente sobre esse tema importantíssimo, a Fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, convidou para um novo bate-papo, Maria Ângela Rossetto, psicóloga clínica.  Vamos relembrar seu currículo:

Psicóloga Clínica há 35 anos, com Mestrado na Escola Paulista de Medicina em Distúrbios da Comunicação. Prof. Titular há 30 anos das cadeiras de Psicopatologia, Psicologia do Desenvolvimento Humano e Método de Rorschach na Unfmu e atualmente na Unifesp. Perita nomeada na Vara da Família do Fórum de Santo Amaro e Avaliadora de Cursos de Psicologia pelo INEP e com vários Trabalhos publicados em Congressos Nacionais e Internacionais.

O que é autoconhecimento?

Segundo Maria Ângela Rosseto, autoconhecimento é o conhecimento de si próprio. Suas emoções, seus sentimentos, ressentimentos, características positivas, negativas, que são as mais difíceis da gente engolir. Mas que atuam firmemente. E é um processo contínuo e dolorido. Rever a sua história de vida e assumir a responsabilidade de si.

Toda a nossa história mostra que o homem sempre buscou a resposta. Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? E os filósofos tentaram entender isso de modo figurativo, através dos mitos. E um dos mais importantes é o que se encontrava no pórtico de entrada do tempo do deus Apolo, na cidade de Delfos, na Grécia, no século IV a.C:

“Conhece-te a ti mesmo”.

E que o filósofo Sócrates ampliou para: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses. (*)

Frase altamente discutida nos cursos de psicologia e filosofia. Antes de você conhecer o mundo, precisar conhecer você para não se tornar um joguete neste mundo. Para viver de uma forma equilibrada, para discernir o que é o meu e o que não é, é preciso se conhecer.

É um processo longo, em cada fase porque você acrescentando coisas e retirando coisas.  Por exemplo, quanto se torna mãe irá rever e compreender melhor os pais. E isso mexe bastante. Na hora que se forma, que tipo de profissional quer ser, como quer andar, onde quer chegar. Em cada fase há elementos para pensar, ressignificar e dar continuidade.

Certa vez uma psicótica engravidou de um enfermeiro, Maria Ângela acompanhou a gestação de uma paciente Psicótica, uma gravidez complicada e de risco. Ela teve uma menina. E então a Maria Ângela perguntou: qual a sua sensação? Ela respondeu: “de eternidade”

A formação da nossa personalidade e o perfil de comportamento

Segundo Maria Ângela, a nossa personalidade se forma pelos fatores genéticos, biológicos, psicológicos e também pelos fatores ambientais como cultura, família, classe social e os grupos sociais que frequentamos. É um conjunto desses três fatores. Na verdade, a nossa história de vida em termos biológicos começa na concepção. Mas em termos psicológicos já começa com a história de vida dos nossos pais. Que começou com nossos avôs, que começou com os nossos bisavôs, que começou com nossos tataravôs.

Segundo ela, a criança já está vindo ao mundo com muitas expectativas. O nome já traz expectativas. E tudo será traçado para que ela se desenvolva dessa maneira. O Junior é o mais prejudicado porque tem a responsabilidade de repetir o pai.

Maria Ângela comenta que a personalidade é formada com todas as nossas vivências desde a infância. E ao nascer e durante a vida todos seremos bombardeados por estímulos externos. Estamos cercados por estímulos e se formos na rua, teremos mais estímulos. Dada a impossibilidade de perceber tudo o que nos cerca, nós selecionamos. E essa seleção já está nos trazendo as características da nossa personalidade. Podemos reparar mais na roupa das pessoas ou podemos reparar mais nos restaurantes. E isso já nos traz traços da nossa personalidade. Quando selecionamos o que está no meio externo, percebemos. E quando percebemos, deixamos marcas na memória, que, segundo ela, são chamados de efeitos Mnemônicos: marcas de lembranças que nunca conseguiremos apagar.  Com esses efeitos mnemônicos criamos uma representação. Por exemplo, comemos o morango pela primeira vez e está muito azedo. A nossa representação será: todo morango é azedo. Outro exemplo: ter um pai muito agressivo. A representação será:  todo homem é agressivo. E é aí que entra a psicologia: nessa representação

As representações criam ideias, conceitos que irão fundamentar os pensamentos e aqui a psicologia também atua. E atua fundo nas recordações; nas memórias.

A psicanálise, primeiro modelo que o Freud constrói, modelo da Psique, que Freud representa como um iceberg, sendo que o topo do iceberg é a parte consciente. É bem pequena e está submersa. É ele que nos promove o aqui e agora, o contato do meio interno com o meio externo e do meio externo com o meio interno; é o que vai enviar as informações para nosso Pré consciente. É o responsável pelo nosso contato.

O pré-consciente, o segundo, já é um disco rígido: todas as nossas memórias estão registradas lá. Tudo pelo que passamos está lá e está representado.

Ele constituiu 80% do nosso aparelho psíquico. Tem lembranças que a gente se lembra com um pouquinho de esforço e tem aquelas lembranças que é difícil serem lembradas.

O terceiro é o inconsciente. Nele é parte mais profunda. A parte de difícil acesso. Nós temos as recordações da infância, geralmente até 6 anos. Depois disso é muito difícil que alguém se lembre.

E temos os nossos desejos e memórias que foram tolhidos, portanto reprimidos.  Tiradas da nossa consciência, porque recordar traria muita dor.

É difícil invadir o inconsciente, mas ele vai tentar a toda hora vir para o consciente. E nossos mecanismos de defesa, a repressão, vai impedir. Essa força produz um desgaste. E isso também atua no nosso comportamento, interfere.  Para chegar no nosso inconsciente, as vezes o inconsciente dá um escape, através de sonhos muitas vezes confusos. Para interpretar um sonho Maria Ângela precisa conhecer muito seu paciente e o mecanismo que ele traz. Esses manuais de interpretações de sonho são bobagens, segundo ela.

Continuando, Maria Ângela pontua que também podemos ter escapes por ato falho. Por exemplo, um amigo, muito amigo, vai se casar com uma mulher muito chata, antipática. Na hora dos cumprimentos, ao invés de dizer “felicidades”, o amigo diz “meus pêsames”. Em outro exemplo, quando o marido de alguém que é muito chato morre, a pessoa fala “felicidades” ao invés de “meus pêsames”.

Há também os chistes, as piadas sarcásticas que cutucam a pessoa. E os lapsos de linguagem. Ao invés de chamar alguém pelo nome correto, a pessoa a chama por outro nome. Ou a mulher que trai o marido, o chama pelo nome do amante.

Ou esquece o nome da pessoa com quem está falando (exceto para nós maduras, que isso é cada vez mais frequente).

Maria Ângela comenta que Jung, um teórico famoso, discípulo de Freud por algum tempo e depois se separam, estudou muito a filosofia oriental com o que Freud não concordava. Jung costumava dizer “Quando o indivíduo olhar para fora, ele sonha. Quando ele olha para dentro, ele acorda”.

Benefícios do autoconhecimento

Quando não conhecemos o nosso eu, podemos nos tornar joguetes. E isso está acontecendo com frequência na internet com as pessoas sendo conduzidas pelo meio, por fakenews, ou por teorias como a de que a “terra é plana”.  E ela precisa refletir, elaborar as informações. E sem autoconhecimento, não elabora.

O ser humano é um indivíduo único, individual.  Pode até ser ter parecido, mas igual, não existe. No processo de luto, ninguém vai substituir a pessoa que morreu. Quando encontramos uma pessoa e temos a oportunidade de nos relacionar é um momento muito divino.

O cumprimento namastè:  “o Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você” é o ideal, deveria ser assim. E temos que estar abertos para isso. Ou fechados para os vampiros de energia.

Maria Ângela adiciona um conto para deixar mais claro os benefícios do autoconhecimento:

“Há milhares de anos atrás os humanos tinham os mesmos dons e capacidades que os deuses. Só que o Brâmane não gostou. E resolveu esconder esses poderes humanos. Chamou os outros Brâmanes para ajudar a escolher. Um sugeriu enterrar num buraco. Mas se cavassem, poderiam encontrar. Ou no topo da montanha mais alta. Mas poderiam aprender a escalar e conseguir pegar esses poderes. Ou no fundo do oceano, mas poderiam aprender a mergulhar e iriam encontrar esses poderes. Então o Brahamane falou: já sei: vamos colocar dentro da pessoa que é um lugar onde ela quase não vai”.

Conclui Maria Ângela que o nosso conhecimento é o que nós temos de força, de poder. Com o autoconhecimento não somos mais conduzidos pela emoção, vamos aprender que existe uma pequena fração de segundos onde sentimos uma emoção e temos essa fração de segundo para pensar antes de reagir. Não vamos reagir por reagir.

Não teremos mais um julgamento mais parcial, mas vamos queremos analisar as duas partes. É aí que a pessoa não entra nas fakenews, por exemplo. Não será mais influenciada pelas críticas. Porque se conhece. E sabe seus defeitos, limites e potenciais. Para de projetar.

E deixa de atribuir ao outro, características que ela reprova ou desconhece nela mesma. Como a personagem da escolinha do professor Raimundo onde a aluna atribui ao homem que “só pensa naquilo”, quando na verdade é ela que “só pensa naquilo”.  Mas ela joga para o outro porque é difícil suportar essa verdade.

Aprendemos uma coisa fundamental que é falar não. Quem não consegue falar não precisa de aprovação, de auto aceitação e quando não falamos não para o outro, falamos para nós mesmos.

E isso não significa ser indelicada ou agressiva com as pessoas.

Autoconhecimento: desenvolvimento de um olhar mais flexível

Segundo Maria Ângela, com o autoconhecimento desenvolvemos um olhar mais flexível para com a gente, para os outros. Destruímos certas crenças, certos medos, elaboramos isso e sabemos diferenciar “isso é coisa da minha mãe, da minha família, não aceito isso; principalmente com relação e valores preconceitos. Maria Ângela se reconhece perfeccionista e é horrível. Não existe 100% na ciência. E às vezes se pergunta: “Você está concorrendo com Deus? ” Pode parar com isso. Vamos lidar com as culpas; não o odeio, só estou ressentida.  Mas o ressentimento é sinônimo de ódio. Melhor desejar: quero que ele seja extremamente feliz, ele lá e eu aqui.

E o objetivo maior do autoconhecimento é descobrir o significado mais profundo do que você sente e vive. Eu sei que estou assim. Eu estou comigo. Mas é um trabalho duro.

E como a gente desenvolve o autoconhecimento?

Maria Ângela afirma que para desenvolver o autoconhecimento o primeiro passo é você querer. Não adianta mandar o indivíduo para terapia se ele não quer. Não vai desenvolver.

Uma vez decidido, precisa aprender a conhecer as demandas internas. O que você está sentindo? Por quê? De onde vem?

Escreve, se preferir. Isso é uma coisa nova, de onde veio, o que foi que eu puxei para aparecer isso.

Nem sempre a pessoa consegue fazer isso sozinho. Neste momento um profissional pode te ajudar fazendo as perguntas. A pessoa precisa compreender suas raivas e expulsar seus demônios, precisa gritar a sua dor. Precisa chorar. Prestar atenção a um cheiro, uma música, que te leva àquela representação.

Para as mulheres maduras, a menopausa pode ser mais um fator a se considerar que podem causar uma série de outros questionamentos.

É importante chegar na Maturidade e olhar para o futuro. E escolher como ela quer viver. Se quer viver como hoje, ou aprender coisas novas.

Maria Ângela reforça que é importante chegar nessa idade e poder escolher. E se preparar para a velhice. Saber que é um processo natural da vida. Vamos ficar com rugas, vamos ter alguns problemas, mas precisamos vencer tudo isso. E não exagerar.

Contato da Maria Ângela mac_rossetto@hotmail.com

Assista o bate papo integral da Fundadora da Estilo 5.0+, Cintia Yamamoto, com Marai Ângela Rossetto. Acesse:

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Um abraço!

Time Estilo 5.0+

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